O mais importante é que a comida dê para todos
O estudo sobre os hábitos alimentares foi realizado em duas partes. Na primeira os entrevistados responderam perguntas sobre os hábitos e atitudes nos domicílios e, na segunda, as famílias utilizaram a ferramenta digital para fazer um diário com imagens das refeições. Os questionários foram aplicados em 1.764 pessoas, sendo 106 do Paraná.
Segundo o analista da Embrapa, Gustavo Porpino de Araújo, líder do projeto Diálogos Setoriais União Europeia-Brasil, a metodologia do diário alimentar é interessante, porque tem o componente educacional. “Quando a família começa a prestar a atenção no que ela está comendo e o que está sendo jogado fora, ela se dá conta do problema”, afirmou.
No início da pesquisa, foi perguntado o que realmente é importante na alimentação no dia a dia e 78% disseram que o mais importante é que a quantidade de comida dê para todos. Comida saborosa também é importante para 73% e 46% apontaram que é necessário os alimentos serem frescos e outros 46% levantaram que eles precisam ser saudáveis.
Sessenta e um por cento afirmaram ter o hábito de fazer compras grandes e ao menos 73% afirmaram que ocasionalmente compram alimentos que não tinham planejado comprar. Além disso, para 70% é importante que a despensa de casa esteja cheia.
Pelas respostas as pessoas enxergam as outras pessoas como desperdiçadoras, mas não a si mesmas dessa maneira. Mais de 90% disse consideram irresponsável jogar comida fora e que é importante evitar o desperdício.
MITIGAÇÃO
A pesquisa também investigou os hábitos mitigadores de desperdício de alimento. Por exemplo, quando questionados se sempre comem tudo o que colocam no prato, 48% afirmaram que sempre, e, entre os que deixam sobras, 34% afirmaram que quase sempre os restos que são guardados são consumidos.
Araújo enfatiza que existem no Brasil um ambiente favorável para a atuação de startups que desenvolvam soluções para redução e reaproveitamento de alimentos. Iniciativas como o Ideas for Milk, da Embrapa, que incentiva o uso do tecnologia da informação no desenvolvimento da cadeia do leite.
“Com a redução do desperdício, em toda a cadeia produtiva - da porteira ao pós-consumo - poderemos ter uma produção sustentável, sem a necessidade de aumento de produtividade”, avaliou o analista.
Mas, de acordo com ele, as medidas também passam por vontade política de aprovar leis que estão paradas como, por exemplo, a que facilita a doação de alimentos e fortalece a Rede Brasileira de Banco de Alimentos.
O projeto Diálogos Setoriais está trabalhando com estratégias dentro da Caisan (Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional). “Esperamos que haja vontade política para colocar as estratégias em prática”, disse Araújo.
A Embrapa vem realizando em parceira como a ONG WWF e a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) a ação de comunicação “Sem Desperdício” www.semdesperdicio.org.br), que dá orientações sobre como reduzir as perdas de alimentos.