Presidente: ‘É a maior tragédia da história do clube’
Valquiria Messias soube que filho de 16 anos da base do Flamengo estava bem ao falar com psicóloga do clube
- “Essa é certamente a maior tragédia pela qual esse clube já passou nos últimos 123 anos”, lamentou o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, em entrevista coletiva nesta sexta-feira (8). Dezenas de torcedores se reuniram na entrada do Ninho do Urubu para orar e depositar flores em homenagem às vítimas.
Em frente à sede, a bandeira do Flamengo foi hasteada a meio mastro em sinal de luto. O presidente Jair Bolsonaro (PSL) expressou solidariedade às “jovens vidas que iniciavam sua caminhada rumo à realização de seus sonhos profissionais”, segundo comunicado do Palácio do Planalto.
“O Flamengo está de luto”, tuitou o clube, em meio a manifestações de solidariedade do mundo do esporte. “Nossos pensamentos estão com as vítimas e seus parentes”, tuitou o Fluminense.
O atacante Vinícius Júnior, do Real Madrid e formado nas categorias de base do Flamengo, lamentou a tragédia. “Que notícia triste! Oremos por todos! Força, força e força”, escreveu em sua conta oficial no Twitter. “Só de lembrar as noites e dias que passei no CT, é de arrepiar. Ainda sem acreditar, mas em oração por todos! Que Deus abençoe a família de cada um!”, completou o jogador de 18 anos. Seu clube atual, o Real Madrid, também lamentou a tragédia, expressando “solidariedade ao Flamengo, seus funcionários e ao futebol brasileiro”.
Pelé manifestou solidariedade em sua conta no Twitter. “Meu dia começou com as notícias sobre o incêndio no CT do Flamengo - um lugar onde jovens perseguem seus sonhos. É um dia muito triste para o futebol brasileiro”, disse o rei do futebol. Neymar, atacante do Paris Saint-German, publicou no Instagram uma imagem do escudo do Flamengo sobre um fundo preto com a mensagem: “Meus sentimentos”.
“Hoje é um momento muito triste, não só para o Flamengo, mas para toda a sociedade carioca. A gente precisa dar assistência às vítimas, principalmente porque a grande maioria desses familiares não são do Rio de Janeiro”, declarou o secretário de Esporte, Lazer e Juventude do Estado do Rio, Felipe Bornier.
A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) publicou em seu site uma nota de pesar. “A perda é imensurável. Todas as vítimas são pessoas que investiram suas vidas e esperanças no futebol. Cada uma dessas vidas é preciosa e insubstituível”, diz trecho do comunicado. A entidade também fez uma publicação no Twitter e mudou a imagem de perfil na rede social, em solidariedade ao clube.
No Grêmio, o técnico Renato Gaúcho, ex-jogador do clube carioca, se pronunciou sobre o assunto. “Queria dar meus sentimentos às famílias dessa tragédia no CT do Flamengo. Para o futebol, é muito triste, muito triste mesmo. Não adianta ficar aqui falando várias palavras para as famílias, porque nesta hora é difícil consolar. Fica aqui meu sentimento. Sempre torcemos para que esse tipo de tragédia não aconteça mais no Brasil e no mundo”, declarou.
“Estamos em choque com o trágico incêndio no Ninho do Urubu”, afirmou o Corinthians em sua conta no Twitter.
“Foi um baque, mesmo assim, não acreditei na hora. O sentimento é horroroso, muito triste.” O depoimento é de Valquiria Aparecida da Cruz Messias, mãe de Pablo Ruan Messias Cardoso, 16 anos, que sobreviveu à tragédia no centro de treinamentos do Flamengo, o Ninho do Urubu, em Vargem Grande, Rio de Janeiro, nesta sexta-feira (8).
Pablo Ruan é londrinense, filho do meio entre três irmãos e vive na zona leste de Londrina com a família. Ele passou em teste no Flamengo em 2018 e retornou para o time carioca no domingo (3) em preparação para a atual temporada. Pertence à equipe sub-16 e comemorou aniversário em 1º de fevereiro. O adolescente dormia junto com os colegas no momento em que as chamas se alastraram.
“Recebi a informação do que aconteceu às 8 horas. Minha mãe e uma amiga vieram em casa e falaram sobre o incêndio. Fiquei preocupada e na hora liguei para a psicóloga do Flamengo, que me acalmou e disse que o Pablo estava bem. Um amigo teria falado sobre a fumaça, com ele acordando. Conseguiu sair por uma janela e sofreu apenas arranhões. Fico muito sentida pelas perdas dos meninos, pois eram amigos deles”, lamentou.
A mãe conseguiu falar com o adolescente por telefone no início da tarde desta sexta. Ele retornará para Londrina neste fim de semana. “Foi rápido, não deu para falar muita coisa e nem perguntar como foi ao certo. Na hora, comecei a chorar e agradecer a Deus. Ele é alto, tem 1m85, está com uma tala no pé pois sofreu lesão nesta semana. É um milagre”, emocionouse. “Ele perdeu roupas, celular, porém, salvou a vida, que é o mais importante”, completou.
Segundo Valquiria Mes- sias, o atleta está muito abalado e relatou que não quer mais ficar no Rio de Janeiro. “Estávamos nos organizando para ir para Portugal e ele ficaria no Rio. Porém, adiantou que quer ir embora comigo. Mas é algo de momento, está mexido psicologicamente. Vamos esperar ele chegar, conversar. Não vamos forçá-lo a nada e respeitaremos sua decisão, seja qual for”, ponderou, classificando-o como um garoto alegre, calmo e brincalhão.
O atleta londrinense, que joga na posição de atacante, é formado pela Portuguesa Londrinense, onde esteve dos nove anos de idade até o ano passado, quando conseguiu ser aprovado pelo Flamengo. “Ele estava indo para o São Paulo, porém, surgiu a proposta de fazer teste no Flamengo em agosto e ele passou. Foi para lá pouco tempo depois, voltou para casa em novembro para as férias e tinha ido para o Rio de Janeiro no último domingo. Ele sempre ‘correu’ atrás da bola e é flamenguista. Então, quando teve a oportunidade de ir para o Fla, disse que ia seguir o sonho dele, que é jogar no Maracanã.”
De acordo com Valquiria, antes de voltar para o Rio de Janeiro, Pablo confidenciou sobre um sentimento ruim que carregava. “Fizemos uma festa no sábado (2) para comemorar o aniversário dele. Ele me disse que estava sentindo algo ruim e falei que era por conta de ter ficado um tempo conosco, se acostumado aqui. É inexplicável”, apontou. Consternada com as perdas, mas feliz por saber que o filho está vivo e bem, só quer encontrálo novamente para dar um longo abraço. “Eu o amo muito”, resumiu.