Folha de Londrina

Correndo atrás dos sonhos Ator e cantor londrinens­e sobe no palco para cantar com Ivete Sangalo e transforma percalços em sucesso

- Érika Gonçalves

Persistent­e. Com certeza, esse é o adjetiv o mais adequado para definir o ator e cantor Fernando Cursino. Radicado em São paulo, o londrinens­e de 31 anos aprendeu desde cedo a perseguir seus sonhos e trabalhar duro para torná-los realidade. Uma de suas ú ltimas realizaçõe­s - que lhe trouxe alegria extrema - foi subir ao palco e cantar com Iv ete Sangalo, no Rio de Janeiro, às v ésperas do Rév eillon. E a primeira foi partir sozinho para São Paulo aos 19 anos, para trabalhar como ator.

Cursino conta que morou em Londrina até os 7 anos. Por causa da profissão do pai, acabou se mudando e passando por div ersos locais. Foi em Guarapuav a, aos 9 anos, que surgiu a oportunida­de de participar de um grupo de teatro no colégio. “Fui me interessar pelo teatro aos 12 anos, quando ganhei um prêmio de melhor ator em um festiv al de teatro em Cascav el. Acabei me encantando com a possibilid­ade de carreira artística e quis fazer Malhação, Chiquitita­s. Eu queria fazer tudo”, diz rindo.

Aos 12 anos, após perder a mãe, ele v oltou para Londrina para morar com os tios e estudou na Escola Municipal de Teatro. Aos 16 anos foi conv idado para fazer um musical e se apaixonou pela mú sica. “As pessoas me incentiv aram a cantar, a fazer teatro. O teatro foi uma terapia para mim. Também fiz aula de mú sica com a dona Walky ria Ferraz, quando passei a gostar ainda mais de cantar.”

Por dois anos Cursino integrou o Grupo Chorus, com o qual foi fazer uma especializ­ação em São Paulo, na Casa de Artes Operária, uma casa de teatro musical. Foi lá que ele acabou tendo contato direto com pessoas que trabalhav am com musicais e conheceu “O Fantasma da Ópera”, peça fundamenta­l na sua decisão pela carreira artística.

“Eu tinha 18 para 19 anos, as pessoas me mandav am fazer faculdade e diziam que depois de formado eu v iria para são Paulo tentar carreira, só que eu fui contra todo mundo. Eu estav a prestando (v estibular) para arquitetur­a e a data caiu no mesmo dia do teste para ‘Miss Saigon’, tiv e que escolher. Sigo a frase ‘prefiro tentar e dizer que tentei do que morrer na incerteza de não ter tentado’. Vim para São Paulo mesmo, contra a v ontade de todo mundo. Eram oito mil candidatos para 44 v agas e eu acabei passando. Vim de mala e cuia, sozinho e cá estou há 12 anos”, conta.

FALABELLA

A peça ficou em cartaz por um ano e meio. Cursino diz que ao terminar a temporada, ficou sem trabalho e sem dinheiro, mas v oltar para Londrina não era uma opção. Ele começou a trabalhar em festas infantis até conseguir uma v aga no musical “Zorro”, com direção de Homem Jarbas de Melo, juntamente com Roberto Lage. Logo depois v ieram “Aladim”, “Garotos Noturnos”, “Píramo e Tisbe”, entre outros, até que em 2015 surgiu uma oportunida­de de trabalhar sob a direção de Miguel Falabella, no musical “Memórias de um Gigolô”.

“Eu tinha entrado no musical para fazer coro. Só que o Miguel gostou tanto do meu trabalho que me colocou como substituto e alternante do Marcelo Serrado. Na época ele estav a fazendo aquele programa Tomara que Caia, na Globo, então não fazia a peça nos sábados à tarde e domingos. O Miguel tinha um outro substituto, obv iamente, mas ele não estav a dando conta. Ele fez um teste comigo e disse: ‘quero que aprenda três mú sicas’ e como eu sou um pouco abusado, eu aprendi todas as mú sicas, todas as falas, todas as coreografi­as”, conta.

Da experiênci­a, Cursino se lembra de quanto Miguel Falabella é acolhedor e extremamen­te exigente. “Ele quer extrair o melhor de v ocê. Ele é uma pessoa que não perde tempo, trabalha com quem ele acredita e tem potencial de desenv olv imento teatral, canto. É muito generoso, acolhe as pessoas, é um baita de um profission­al, que faz com que v ocê tenha prazer em ser artista.”

M U DANÇA

O ú ltimo musical de Cursino foi “My Fair Lady , quando tev e algumas decepções e repensou sua carreira. Como já compunha, o ator decidiu inv estir em sua carreira solo como mú sico. “A maioria das mú sicas que eu componho tem a v er com a minha v ida, eu falo pensando no que as pessoas têm v ontade de falar. Acredito que nós, como artistas, temos uma grande missão que é transforma­r a alma atrav és daquilo que a gente gosta de fazer. A gente pode transforma­r a v ida de uma pessoa, assim como a Iv ete Sangalo transformo­u a minha.

O ano era 2000 e Cursino enfrentav a uma depressão por causa da perda da mãe, no ano anterior. Já morando em Londrina, foi até a ExpoLondri­na com os primos assistir a um show de Iv ete Sangalo. “Eu me apaixonei perdidamen­te pelo trabalho dela, pelo jeito dela, que me inspiram muito. Naquela uma hora e meia do show dela eu esqueci dos meus problemas, esqueci que tinha perdido a minha mãe, esqueci que eu estav a depressiv o e fui feliz ‘pra caramba’, pulando igual criança. Foi ali que começou minha ligação com a Iv ete.”

Fã da cantora, ele alimentou o sonho de cantar com ela até o ano passado, quando finalmente pôde realizálo. Mas antes desse momento, Cursino passou por alguns outros percalços, que na v erdade ajudaram a impulsioná-lo para correr atrás da realização de mais um sonho.

RED ES SOCIAIS

Ele conta que durante oito anos participou de ev entos de uma grande marca de cosméticos, onde não só cantav a como também falav a justamente sobre a importânci­a de correr atrás dos sonhos. Em 2018, excepciona­lmente, ele não foi conv idado já que, dev ido a uma data especial da empresa, decidiram promov er algo diferente. Ao mesmo tempo, ele foi conv idado para fazer um show nos Estados Unidos, mas depois de prov idenciar passaporte­s e v istos para ele e os mú sicos, acabou ludibriado pelo produtor norte-americano, que não assumiu os custos do processo.

Surgiu então o desejo de compor uma mú sica de sucesso, que pudesse rodar o mundo. Ele compôs “Latino Brasileira”, em espanhol e português, pensando justamente em conv idar Iv ete para cantar a parte em português. O mú sico promov eu uma campanha nas redes sociais para chamar a atenção da cantora, que faria um show em São Paulo, em dezembro.

“A campanha tev e um alcance nacional, chegou até o empresário dela, mas ele av isou que estav a muito em cima da hora. Aí coincidiu de eu ir passar o Ano Nov o no Rio de Janeiro, na casa de amigos, e eu cheguei lá dia 28 de dezembro, quando ela ia fazer um show na Marina da Glória”, lembra.

SON HO

Por sugestões de fãs da cantora, Cursino lev ou um cartaz tentando chamar a atenção de Iv ete e ser conv idado a subir no palco. Quando os fãs v iram o cartaz, passaram a chamar a atenção da cantora para conv idá-lo a cantar junto. Ela atendeu aos pedidos e foi assim que ele pôde realizar um dos seus grandes sonhos.

“Eu estav a super nerv oso, era uma mistura de sentimento­s, estav a realizando um sonho com alguém que tinha mexido muito com a minha v ida. Deu v ontade de chorar, de abraçar mais forte ainda do que eu abracei, e ao mesmo tempo v ontade de cantar. Ela foi muito carinhosa, eu cantei com ela e tev e repercussã­o, os fãs dela me apoiam, pedem para ela me apadrinhar. Pessoas que não acreditav am muito nesse meu sonho, por causa da campanha, v ieram me dar os parabéns. Por ter ido atrás e tornado realidade, agora a v ida está abrindo portas marav ilhosas, estão surgindo nov os parceiros”, descrev e.

Cursino tem v iajado pelo País para div ulgar suas mú sicas, graças também ao carinho das fãs consultora­s de beleza que angariou durante os ev entos empresaria­is. Ao mesmo tempo continua inv estindo no projeto de grav ar sua mú sica junto com Iv ete Sangalo e tem mantido contato com a equipe de uma cantora londrinens­e, para desenv olv erem uma parceria.

“Não costumo muito ir para Londrina, mas gostaria de fazer um show aí. Acho que as pessoas precisam v alorizar mais quem é da própria terra. Se surgir um conv ite, v ou cantar aí”, promete.

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Fernando Cursino,31, realizou o sonho de cantar com Ivete Sangalo, durante show no Rio de Janeiro, ano passado: “Os fãs dela me apoiam, pedem para ela me apadrinhar”

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