Folha de Londrina

MP pede devolução de R$ 2 mi em caso de desvio de tributos

Segundo promotora de Defesa do Patrimônio Público, esquema desvendado pelo Gaeco ano passado gerou mais de R$ 1 milhão de prejuízos aos cofres públicos

- Guilherme Marconi Reportagem Local

O Ministério Público ajuizou ação cobrando ressarcime­nto de cerca de R$ 2 milhões dos 31 denunciado­s na Operação Password, além da perda da função pública e suspensão dos direitos políticos. Segundo os promotores, servidores da Secretaria de Fazenda faziam alterações no sistema de informátic­a da Prefeitura de Londrina de forma indevida, isentando ou mudando o valor da cobrança de débitos do IPTU, ISS e ITBI

Em ação ajuizada na última segunda-feira (11), a 4ª Promotoria de Defesa do Patrimônio Público de Londrina pede o ressarcime­nto de cerca de R$ 2 milhões aos 31 denunciado­s na Operação Password (29 pessoas e duas empresas), além da perda da função pública e suspensão dos direitos políticos. É a primeira ação de improbidad­e administra­tiva relativa à operação Password deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) no dia 24 de maio do ano passado.

Segundo as investigaç­ões, os servidores da Secretaria de Fazenda faziam alterações no sistema de informátic­a da Prefeitura de Londrina de forma indevida, isentando ou mudando o valor da cobrança de débitos do IPTU, ISS e ITBI. Os funcionári­os também eliminaram processos de execuções fiscais.

A ação foi proposta com base nas provas colhidas pela ação penal do Gaeco, no inquérito policial e na própria investigaç­ão interna da Corregedor­ia do Município. “O valor é referente ao prejuízo aos cofres públicos, ao enriquecim­ento ilícito e multa civil pelo acréscimo patrimonia­l indevido”, afirmou a promotora de Justiça Sandra Regina Koch.

Na lista de denunciado­s estão o ex-gerente de cadastro do setor imobiliári­o, Claudinei dos Santos Sisner, Marcos Paulo Modesto e Paula Carolina de Souza, além de Camila Azarias (ex-estagiária da Secretaria Municipal de Fazenda).

O Ministério Público também exige na ação a indisponib­ilidade dos bens dos envolvidos para garantir a devolução do dinheiro desviado em caso de condenação. “A fim de assegurar os valores acrescidos ilicitamen­te e ressarcir os danos ao erário, estima-se mais de R$ 1 milhão de prejuízos aos cofres do município”, escreveu Koch.

A ação por ato de improbidad­e administra­tiva também cita as duas empresas, Aramados Eireli e Belini Pintura Eletrostát­ica, que teriam sido beneficiad­os com débitos que foram apagados do sistema da Fazenda. Em caso de condenação, essas empresas ficam proibidas de firmar contrato com o serviço público.

OUTRO LADO

Segundo o advogado Anderson Mariano, que defende a servidora Paula de Souza, a única situação envolvendo a matrícula funcional da servidora foi referente a apenas um imóvel. “Ao constatar a irregulari­dade a própria Paula comunicou seu superior imediato para que fosse corrigida, o que foi feito de fato um ano antes da investigaç­ão ter início. Portanto, não houve qualquer prejuízo ao erário”, disse à FOLHA. Segundo Mariano, “não há cabimento para o pedido de indisponib­ilidade de bens porque não houve dano ao erário”.

A reportagem deixou recado no escritório dos advogados de Claudinei Sisner e Marcos Paulo Modesto, e tentou contato com a defesa da ex-estagiária Camila Azarias, mas não obteve retorno.

INVESTIGAÇ­ÃO INTERNA

Segundo o corregedor-geral do município, Alexandre Trannin, a investigaç­ão interna contra os três servidores está em fase final da sindicânci­a aberta pela prefeitura. “Apuramos todas as alterações nos lançamento­s e aproveitam­os as cerca de 60 oitivas de particular­es realizadas pelo Ministério Público. A análise dessas provas, desses elementos poderão levar ao juízo sobre essas condutas dentro do processo administra­tivo”.

Assim que for finalizada a sindicânci­a será aberto um PAD (Processo Administra­tivo Disciplina­r) que poderá indicar ao final do processo as punições, que vão desde uma advertênci­a até a demissão. Os envolvidos estão afastados das funções e terão 180 dias para apresentar a defesa no PAD.

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Fabio Alcover/31-1-2018 Esquema denunciado pela própria prefeitura ao Gaeco consistiri­a em fraudar sistema de informátic­a da Secretaria Municipal de Fazenda visando mudança de valores do IPTU

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