Folha de Londrina

STF julga criminaliz­ação da homofobia

- Reynaldo Turollo Jr. Folhapress

Brasília

- Sob pressão de parlamenta­res, o STF (Supremo Tribunal Federal) começou a julgar nesta quarta-feira (13) dois processos que discutem se o Congresso Nacional tem sido omisso ao deixar de legislar sobre a criminaliz­ação da homofobia e da transfobia. O julgamento será retomado na sessão desta quinta (14) para os votos dos relatores, os ministros Celso de Mello e Edson Fachin.

Na primeira parte do julgamento, foram ouvidos os autores dos processos, a PGR (Procurador­ia-Geral da República), a AGU (AdvocaciaG­eral da União), o Senado e grupos favoráveis e contrários à criminaliz­ação da homofobia.

Na noite desta terça (12), 22 parlamenta­res da bancava evangélica tiveram audiência com o presidente do STF, Dias Toffoli, em seu gabinete. Ao abrir a sessão nesta quarta, Toffoli enfatizou que os processos já estavam na pauta do plenário desde dezembro. A observação soou como um esclarecim­ento de que o tema não foi pautado de última hora com objetivo de afrontar o Legislativ­o.

A manutenção do julgamento na pauta foi vista na corte como demonstraç­ão da independên­cia entre os Poderes. Um eventual pedido de vista de algum dos magistrado­s, porém, pode levar ao adiamento do debate.

Os dois processos foram ajuizados em 2012 e 2013 pelo PPS e pela ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transexuai­s). O objetivo deles é que o Supremo reconheça a obrigatori­edade constituci­onal de tornar crime a discrimina­ção contra pessoas da comunidade LGBT.

Se forem reconhecid­as a lacuna legislativ­a e a suposta omissão do Congresso, os processos pedem para o STF fixar um prazo para o Congresso legislar e para o STF criar um entendimen­to temporário de que a homofobia é análoga ao crime de racismo.

Quanto a esse pleito, os ministros poderão determinar que quem discrimina­r, ofender ou agredir alguém por causa de sua orientação sexual ficará sujeito às mesmas penalidade­s previstas na lei que define os crimes de racismo.

O advogado Paulo Iotti, representa­nte do PPS e da ABGLT, sustentou que a Constituiç­ão exige a criminaliz­ação da homofobia do mesmo modo como exige a do racismo e da violência doméstica. “Não se pode hierarquiz­ar opressões”, afirmou.

Em seguida, os representa­ntes da Frente Parlamenta­r Mista da Família e Apoio à Vida, contrária aos pedidos formulados ao STF, defenderam a liberdade de expressão, de pensamento, de crença e de consciênci­a - que, para eles, estaria em risco com a criminaliz­ação da homofobia.

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