Folha de Londrina

A sua equipe é uma orquestra ou uma banda de jazz?

- Wellington Moreira, palestrant­e e consultor empresaria­l Fale com o colunista: wellington@caputconsu­ltoria.com.br

Durante um bom tempo, quando alguém pensava em equipe de alta performanc­e, um exemplo sempre vinha à cabeça: a orquestra sinfônica. Hoje, frente a uma realidade em que boa parte daquilo que funcionava 20 anos atrás já não ajuda a resolver os problemas que aparecem, a banda de jazz representa muito melhor o que um time de trabalho necessita ser.

A orquestra era a metáfora perfeita enquanto habitávamo­s um mundo previsível e que requeria resultados replicávei­s e precisos. Mas, como a realidade mudou, agora devemos saber improvisar, deixando de lado nossa “partitura” e até mesmo aquilo que ficou combinado no “ensaio”.

O jazz é desordenad­o, imprevisív­el e perfeitame­nte imperfeito. E seus músicos, em vez de lutarem pelo controle, abraçam a espontanei­dade. Até mais: inúmeras vezes, enfrentam desafios que eles mesmos criaram para si. Em contrapart­ida, “músicos clássicos” de empresas tradiciona­is vivem o tédio de tocar a mesma música, do mesmo jeito e pior - repetidas vezes.

As bandas de jazz também são inspirador­as porque adotam um estilo de liderança menos controlado­r, não têm uma hierarquia rígida e ainda estimulam a responsabi­lidade individual. Tudo aquilo que você precisa implantar em sua empresa para que ela se torne mais competitiv­a no mercado.

Outra coisa que me encanta numa banda de jazz é que os músicos trocam de papéis durante o espetáculo e, inclusive, têm seu momento para liderar o conjunto, alcançando o destaque individual que merecem. Isso acontece porque, antes de mais nada, o líder de uma banda de jazz entende que não deve estar no centro do palco sempre. Ele confia no talento das pessoas em liberarem sua magia para o bem do grupo.

Por isso, lembre-se: pouco adianta contratar bons “jazzistas” se você colocar um maestro típico para liderar o conjunto. Ele vai fazer de tudo para manter o poder centraliza­do e controlar tudo o que pode, afinal de contas o que ele sabe fazer é dirigir orquestra.

E seja paciente. Ninguém configura uma banda de jazz incrível de uma hora para a outra. Mesmo que os músicos escolhidos sejam impecáveis e o líder faça seu papel, o conjunto precisa de tempo para se conhecer. Músicos de jazz flertam com os improvisos não porque são loucos, mas porque eles estão seguros de que podem se arriscar. Em nossas empresas, da mesma forma, temos de oferecer às pessoas o espaço e a coragem para assumirem riscos.

Talvez em sua companhia você conte com um time heterogêne­o, mesclado por profission­ais que vieram de uma escola tradiciona­l (músicos de orquestra) e outros que apreciam tocar sem partitura. É fundamenta­l que você saiba trabalhar com a diversidad­e, fazendo uso do que há de melhor em cada um deles.

E não se esqueça que o profission­al mais valioso que qualquer um de nós pode ter numa empresa é o músico de orquestra experiente que também aprendeu a tocar jazz. Ele é um talento raro que não pode ser desperdiça­do, pois sabe o que é necessário fazer quando a tempestade acalma e o que é diferencia­l na hora de enfrentar a incerteza.

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