INVESTIGAÇÃO
Justiça Federal acata denúncia oferecida pelo MPF no âmbito da Operação Integração; defesa de Fernanda Richa vê excessos
Beto Richa se torna réu pela quarta vez em ação sobre desvios no pedágio
Oex-governador Beto Richa (PSDB), a exprimeira-dama e exsecretária da Família e Desenvolvimento Social, Fernanda Richa, o filho do casal, André Richa, e o contador da família, Dirceu Puppo Ferreira, se tornaram réus no âmbito da Operação Integração por lavagem de dinheiro em processo que investiga esquema de propina em contratos de pedágio no Paraná.
O juiz substituto Paulo Sergio Ribeiro, da 23ª Vara Federal de Curitiba, aceitou denúncia oferecida pelo MPF (Ministério Público Federal) sustentando no despacho que as exposições dos fatos criminosos, “com todas as suas circunstâncias, atendem os requisitos, de outro lado, há aparente prova da materialidade dos indícios”. A denúncia do MPF é acompanhada de 24 arquivos de provas colhidas na fase de investigação. É a quarta ação em que Beto Richa vira réu.
Segundo os procuradores, o núcleo familiar do tucano, com ajuda do contador, teria promovido a lavagem de dinheiro na compra de um terreno localizado dentro de um condomínio em Curitiba. A negociação do imóvel teria ocorrido no ano de 2012 no valor de R$ 1,950 milhão, mas na na escritura apareceu o valor de R$ 505 mil.
A denúncia aponta que o então governador intermediava as transações ilícitas e que a empresa Ocaporã Administradora de Bens foi responsável pelo subfaturamento do imóvel. A empresa pertence formalmente à exprimeira-dama Fernanda Richa e Dirceu Pupo Ferreira atuava como administrador.
OUTRO LADO
A defesa da ex-primeira dama, Fernanda Richa, informou que o “Ministério Público Federal acusou o próprio filho do ex-governador para atingilo. Após o protesto de Fernanda, resolve acusá-la também. É evidente a situação de excesso de acusação e profunda injustiça. A defesa de Fernanda Richa confia no poder judiciário, que certamente saberá evitar que maiores prejuízos se produzam, pois não cometeu qualquer ilegalidade e refuta as acusações falsas criadas contra ela”, diz a nota. Em princípio, o MPF tinha feito apenas denúncia contra Beto, o filho e o contador. Só em uma segunda manifestação Fernanda também apareceu no aditamento.
Ainda segundo a assessoria da ex-primeira dama, a empresa Ocaporã nunca cometeu qualquer irregularidade e não tem relação com Beto Richa. “A Ocaporã é uma empresa patrimonial constituída em 2008 para gerir o patrimônio originário de herança do pai de Fernanda; este patrimônio não se confunde com o patrimônio de Carlos Alberto Richa. A sociedade tem como sócios apenas Fernanda e seus filhos. Seu marido, nunca foi sócio ou geriu, nem exerceu qualquer função na empresa. Dirceu Pupo Ferreira é um funcionário responsável pela gestão da empresa, com conhecimento e confiança de Fernanda. Todas as transações de imóveis ocorreram em razão de oportunidades comerciais reais e lícitas.”
Segundo o advogado Walter Bittar, que defende Beto Richa na Integração, a defesa será feita no processo, esclarecendo eventuais dúvidas do magistrado, sempre que solicitado. “Beto Richa não possui qualquer relação com a empresa mencionada na denúncia e confia na Justiça Federal para demonstrar sua inocência”, disse.
Richa também é alvo de uma outra denúncia sob acusação de corrupção e organização criminosa, por suspeita de participar do esquema de arrecadação de propina nos contratos de pedágio no Paraná. A peça foi aceita pela justiça na última sexta (8). O tucano nega participação em qualquer irregularidade.
A FOLHA não conseguiu contato com o advogado do contador. Dirceu Pupo Ferreira está preso desde 25 de janeiro último, a pedido do MPF.
A denúncia do MPF é acompanhada de 24 arquivos de provas colhidas na fase de investigação