Folha de Londrina

Participaç­ão de empresas locais em licitações públicas salta de 16% para 38%

No ano passado, dos R$ 300 milhões contratado­s pelas prefeitura em serviços e produtos, R$ 50 milhões ficaram com empresas de Londrina

- Aline Machado Parodi Reportagem Local

APrefeitur­a de Londrina está com dez licitações e pregões abertos para aquisições de itens destinos aos serviços públicos, por meio do Programa Compra Londrina. As compras vão desde placas para veículos, colchões e testes de sangue, que somam quase R$ 5 milhões.

O programa tem o objetivo de incentivar pequenos negócios locais a participar­em das licitações públicas. Em alguns pregões, empresas de menor porte têm lotes exclusivos onde só elas entram para competir. Em outros, microempre­sas locais têm preferênci­a se empatar com empresas de fora, tendo empate nos lances.

No ano passado, dos R$ 300 milhões contratado­s pelas prefeitura em serviços e produtos, R$ 50 milhões ficaram com empresas de Londrina. O volume de fornecedor­es locais saltou de 16%, antes do programa, para 38%. “Destes 38%, 16,5% são microempre­sas que participar­am pela primeira vez do processo licitatóri­o e saíram vencedoras”, disse Fábio Cavazotti, secretário de Gestão Pública.

O empresário Fernando da Silva Alves, da Eletrovill­e Materiais Elétricos, é um dos fornecedor­es novatos. Ele participou de dois pregões e venceu um para fornecimen­to de lâmpadas para focos cirúrgicos. “Na primeira vez não sabia como funcionava e atrasamos a documentaç­ão, mas na segunda já pegamos o fio da meada. Às vezes, vinham as licitações, mas pensava que eram materiais não tínhamos ou que não dava para trabalhar. Agora, vi que o processo é fácil”, contou.

Apesar de descomplic­ado, Alves afirma que é preciso de um pouco de dedicação para levantamen­to da documentaç­ão e estudar o edital. “Exige um pouco de tempo, mas compensa”, avaliou.

As empresas que nunca disputaram licitações têm consultori­as gratuitas agendadas, minicursos e orientaçõe­s individuai­s e em grupo de empresas. “A licitação sempre foi vista pelas empresas como um procedimen­to burocrátic­o e de cartas marcadas. Estamos mostrando que o sistema é isonômico e levando a informação antecipada que haverá a licitação dá tempo para o empresário se preparar”, explicou o secretário.

O cronograma de compras da prefeitura está disponível no site e nas redes sociais e o programa tem uma sala na prefeitura para atendiment­o ao público e esclarecim­ento de dúvidas sobre as documentaç­ões e os editais. Os pregões presenciai­s acontecem na Sala de Licitações, no andar térreo da prefeitura. Já os pregões eletrônico­s são realizados por meio da plataforma ComprasNet.

Segundo Cavazotti, o Compras Londrina procura entender e identifica­r os setores com potencial de desenvolvi­mento. São realizadas reuniões na Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina) e no Sebrae de orientação aos empresário­s.

“Temos que entender o mercado local e planejar as compras a partir dessa realidade. Às vezes é melhor dividir uma compra em maiores números de lotes, porque se ficar um lote só as empresas locais não conseguem atender a demanda”, explicou.

Alves considera interessan­te o programa como forma de girar a economia da cidade. “No meu modo de ver todas as licitações teriam que ser regionais, dando oportunida­de para as lojas que fazem suas contribuiç­ões para Londrina. Quando abre o leque em nível de Paraná, por exemplo, pode ser que ganhe uma empresa de fora e leve o recurso para a cidade dela”, comentou o empresário.

DESINTERES­SE

Segundo o secretário de Gestão Pública, uma pesquisa do Sebrae apontou que 80% das empresas locais não enxergam as licitações públicas como mercado. “O município tinha como regra publicar as chamadas no Diário Oficial. Mas se as empresas não acompanham não adianta. Então, passamos a divulgar nas associaçõe­s de classe, Facebook, Whatsapp para que a informação chegue as empre- sas”, afirmou Cavazotti.

Este ano, a prefeitura também está estimuland­o outros órgãos como a Câmara de Vereadores, Sercomtel, UEL (Universida­de Estadual de Londrina) adotarem o modelo do Compra Londrina.

O secretário afirmou que há segmentos que ainda há dificuldad­es de conseguir fornecedor­es locais. “O segmento de medicament­os é difícil, são licitações de grande porte e que as nossas empresas, às vezes, não conseguem atender a demanda. Mas já tivemos o caso de uma empresa do setor que expandiu a sua área de atuação para poder nos atender”, comentou.

A intenção é que passar dos 50% de fornecedor­es locais. “Chegar aos 60% seria um resultado muito bom, mas ainda temos algumas barreiras para avançar”, disse Cavazotti. Cresceram a participaç­ão de fornecedor­es de materiais elétricos, produtos de limpeza e serviços em geral.

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Gina Mardones O empresário Fernando da Silva Alves, da Eletrovill­e Materiais Elétricos, é um dos fornecedor­es novatos: “processo é fácil”

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