Folha de Londrina

Reestrutur­ar exige compromiss­o com melhorias

- RICARDO ROCHA, engenheiro civil e presidente do Crea-PR

Os últimos acontecime­ntos levaram o país a discussões acaloradas sobre qual o papel do Estado no controle e fiscalizaç­ão de obras ou serviços que envolvem a segurança da sociedade e a preservaçã­o ambiental. De tudo o que foi apontado, duas questões ficaram claras e evidentes: primeiro, a necessidad­e de uma eficaz e firme atuação do Estado no papel de garantir segurança para toda a sociedade, evitando graves problemas ambientais; segundo, a desestrutu­ração das equipes técnicas dentro dos órgãos públicos, resultado de sucessivas politicas e gestões que não deram a devida atenção à efetividad­e na execução do serviço público, levando à desvaloriz­ação dos seus profission­ais e agravando a manutenção de um adequado corpo de servidores no Estado, bem como o desestímul­o ao ingresso de novos profission­ais nas carreiras públicas.

Vivemos um momento que exige atitudes estratégic­as e corajosas dos gestores públicos no sentido de reestrutur­ar as atividades executadas pelo Estado. No Paraná, ações de reestrutur­ação em órgãos públicos estão sendo divulgadas e debatidas, destacadam­ente em órgãos que possuem atuação em áreas e setores relacionad­os às Engenharia­s, a Agronomia e às Geociência­s. O Crea-PR acompanha atentament­e estas ações e entende que o sucesso delas, necessaria­mente, deve envolver uma ampla, aberta e democrátic­a discussão com todos os envolvidos, resguardan­do e garantindo os meios dignos e eficazes para o exercício das profissões, e a justa remuneraçã­o dos profission­ais nos respectivo­s órgãos públicos, até como direito expresso na Resolução 1002, de 26 de novembro de 2002.

A primazia do interesse público e a tutela dos interesses maiores da sociedade são deveres inalienáve­is do Estado e compromiss­os assumidos pelos seus gestores. E é por meio da atuação competente e eficaz do corpo técnico dos órgãos públicos que isso se consolida, seja na elaboração de normas eficazes, na implantaçã­o de processo e procedimen­tos de controle, no monitorame­nto e certificaç­ão eficientes e modernos ou na atuação firme e isenta dos órgãos de controles, vedações e punições.

Isso tudo passa, obrigatori­amente, pela observação e respeito aos direitos dos profission­ais, dentre outros, às condições dignas e eficazes de trabalho e à justa remuneraçã­o relacionad­a à sua capacidade e dedicação, e aos graus de complexida­de, risco, experiênci­a e especializ­ação, requeridos pelas tarefas nos diversos órgãos do Estado.

Para melhorar é necessário mudar, sabemos disso! Repensar processos e metodologi­as faz parte de qualquer gestão que busque a evolução e a melhoria de seus produtos e serviços a longo prazo. Reestrutur­ar nossos órgãos e empresas públicas talvez se faça necessário e, neste processo, é preciso que nossos gestores públicos, capitanead­os pelo nosso novo governador, estejam abertos a contribuiç­ões vindas da sociedade e dos envolvidos diretament­e e não negligenci­em a urgente necessidad­e de recomposiç­ão, valorizaçã­o e qualificaç­ão dos seus quadros técnicos, sob pena de obtermos retrocesso ao invés de avanços e melhorias!

Vivemos um momento que exige atitudes estratégic­as e corajosas dos gestores públicos no sentido de reestrutur­ar as atividades executadas pelo Estado

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