Folha de Londrina

Violação de túmulos expõe necessidad­e de mais vigilância

- Pedro Moraes Reportagem Local

Os casos de violações de sepulturas registrado­s no Cemitério Municipal São Pedro, no Centro, apontam a necessidad­e de maiores cuidados com a segurança por parte das autoridade­s de Londrina para o setor. A Acesf (Administra­ção dos Cemitérios e Serviços Funerários de Londrina) afirma que vem tomando medidas neste sentido. No próprio São Pedro, o muro está sendo aumentado e todo o perímetro, em breve, contará com estrutura de 2,70 metros de altura. O mesmo trabalho é realizado no cemitério Padre Anchieta, na Zona Leste, e no João XXIII, na região central, uma série de intervençõ­es foram licitadas, entre elas a construção de muros e calçamento, num conjunto de ações que devem consumir R$ 750 mil. “Há uma ação de iluminação dos cemitérios que deverá começar agora em março. Hoje, a segurança dos cemitérios não é feita mais por vigias e sim pela Guarda Municipal. No São Pedro inclusive conta com uma câmera de vigilância”, alertou o superinten­dente da Acesf, Leonilso Jaqueta.

Segundo informaçõe­s da Guarda Municipal de Londrina, os cemitérios estão incluídos na ronda que os agentes fazem durante todo o dia e a madrugada como parte da vigilância dos prédios públicos. O diretor da Guarda, Daniel Sakama - que está temporaria­mente como secretário da Defesa Social, durante as férias de Evaristo Kuceki - garante que a câmera de segurança está funcionand­o, mas não tem a capacidade de registrar imagens à noite. “Por este motivo, orientamos que seja feito o novo projeto de iluminação, assim como a obra para aumentar o muro. Assim,commelhor visibilida­de dentro do espaço do cemitério fica mais fácil a vigilância”, apontou Sakama. Outro fator importante é a participaç­ão da própria população com denúncias através do número telefônico 153. “As ligações nos ajudam muito. Já atendemos casos de roubos, assim com invasão em que população de rua que usava as sepulturas para dormir”, lembrou o agente da GM.

TÚMULOS VIOLADOS

Os funcionári­os do São Pedro foram surpreendi­dos na manhã de sexta-feira (15), quando abriram os portões. Dois túmulos haviam sido violados e os caixões retirados. Assim que a Acesf tomou conhecimen­to do caso, a Guarda Municipal foi acionada e isolou o local. A Polícia Científica esteve presente com os técnicos do IML e foi registrado um Boletim de Ocorrência. Em um dos casos, o corpo que havida sido enterrado há menos de 15 dias foi retirado e despido, num aparente caso de necrofilia. Um médico legista fez a coleta dos vestígios sexuais no local. O outro corpo, em que já havia sido enterrado há mais de 30 dias, não chegou a ser retirado da urna. Ambos os cadáveres eram de mulheres de idade aproximada de 70 anos e foram sepultados novamente assim que liberados pela Polícia. “Não temos nenhuma suspeita, não havia nenhum visitante que chamasse a atenção dos funcionári­os”, afirmou Jaqueta. Não há indício de tentativa de furto, visto que a recomendaç­ão é que os mortos não sejam enterrados com joias.

Uma das famílias já foi informada do ocorrido. O órgão responsáve­l pelo serviço funerário municipal acredita que as sepulturas foram escolhidas aleatoriam­ente e que não existam ligação com pessoas relacionad­as com os mortos. “Os túmulos ainda estavam com as coroas de flores em cima”, contou Jaqueta, que ressaltou a gravidade do ocorrido. “Nossos funcionári­os que já estão acostumado­s a lidar com a morte ficaram extremamen­te abalados com o que aconteceu”. A necrofilia é uma perversão sexual que leva uma pessoa a sentir atração por cadáveres. Os crimes contra o respeito aos mortos estão previstos no DecretoLei n° 2.848, de dezembro de 1940. Ao vilipendia­r cadáver ou suas cinzas, a pena é de detenção de um a três anos e multa, e violar sepultura é de reclusão de um a três anos, além de multa.

Esta não é a primeira vez que casos de necrofilia são registrado­s em Londrina. Em dezembro de 1998, segundo uma reportagem da FOLHA, três túmulos do Cemitério Jardim da Saudade, na zona norte, foram violados. Conforme informaçõe­s divulgadas na época, foi a terceira vez em quatro anos que o cemitério foi alvo deste tipo de crime. No mês de novembro do mesmo ano, outros três túmulos foram violados no mesmo cemitério, o maior da cidade.

Esta não é a primeira vez que casos de necrofilia são registrado­s em Londrina

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