Folha de Londrina

A longa viagem de uma família

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Comemorar significa “lembrar juntos”. Recordar significa “guardar no coração”. E agradecer significa “dar graças”. Quando pensamos em Alvaro e Athenea, conjugamos esses três verbos.

Comemoramo­s, ou seja, lembramos juntos todas as sementes que eles plantaram, as quais geraram frutos de fé, de esperança e de amor.

Recordamos, ou seja, guardamos no coração todos os momentos que eles viveram e vivem entre nós, seja na presença, seja na distância.

E agradecemo­s, ou seja, damos graças por tudo que eles fizeram de bom em nossas vidas.

Damos graças porque vocês foram esses pais, esses padrinhos, esses tios, esses irmãos, esses sogros, esses avós tão inesquecív­eis. Damos graças por todos os lares que nasceram do seu lar. Por todos os sins que nasceram do seu sim. Por todas as vidas que nasceram da sua vida. Damos graças, e é de graça.

Por algum tempo, vocês moraram perto da linha do trem. Antônio Costa, nosso querido Pai Costa, que nos deixou há 51 anos, era maquinista. E como tal ele deve ter percebido aquilo que o geômetra Euclides já havia notado há milhares de anos: duas linhas paralelas tendem a se encontrar no infinito. Vocês, Athenea e Álvaro, são como essas duas linhas paralelas em que o Pai Costa viajava pelas estradas de São Paulo e Mato Grosso. Vocês estão continuand­o a viagem dele.

Nós todos estamos fazendo essa viagem. Somos os herdeiros do viajante que ainda menino, em 1896, partiu dos campos de Guimarães, a cidade mais antiga de Portugal, atravessou o oceano, passou por Belém do Pará, sobreviveu praticamen­te sozinho neste país imenso e desconheci­do, longe dos pais e dos irmãos, trabalhou como cobrador nos bondes do Rio de Janeiro, depois se tornou motorneiro, depois maquinista e veio a se encontrar com a querida Mãe Mulata, Ambrosina Nunes Costa, aquele mineira cheia de vida e paixão que com ele formaria a nossa família, ao longo da Estrada de Ferro.

Um mestre me ensinou que tudo aquilo que existiu permanece para sempre no plano da eternidade. Tudo que foi nunca mais deixará de ser. Com uma exceção: os nossos pecados. Esses serão perdoados pela misericórd­ia de Deus.

A família é casa do perdão. É aonde o Filho Pródigo vai voltar, sendo recebido de braços abertos pelo Pai. Deus não nos fez para a solidão. Ele nos fez para o amor, para a aliança, para a família.

E a família também tem seus heróis. Hoje nós estamos aqui para festejar dois desses heróis. O nome Álvaro significa “guerreiro protetor” e o nome Athenea é o nome da deusa grega da sabedoria e das artes, mas que também era uma guerreira, e portava uma lança e um escudo. Vocês hoje são os patriarcas da nossa família. Vocês são o nosso elo mais próximo com as nossas origens, com as nossas fontes, com as nossas raízes, com os nossos heróis.

O que foi nunca deixará de ser. O trem segue viagem; e as linhas paralelas se encontram no infinito.

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