Folha de Londrina

‘Nunca imaginei que causasse tantos transtorno­s’

- (P.M.)

Hoje com 56 anos, a professora e pedagoga Elisamar Mendes Granado Chacon, moradora de Arapongas (Região Metropolit­ana de Londrina), começou a sentir os sintomas da psoríase ainda criança. Era descamação na pele, porém a palavra que denomina a doença não era mencionada no atendiment­o médico. “Quando estava com 17 anos saiu pelo corpo todo (as manchas avermelhad­as), porém ainda não se falava em psoríase. Não era conhecida dos médicos”, relata.

Os sintomas passaram a ser tratados como infecção de pele e, sem o tratamento correto, foi indicada a tomar remédio corticoide, como anti-inflamatór­io. “Fiquei sabendo que era a psoríase faz apenas uns dez anos. Então, fui tratada da maneira errada por muito tempo. Esta desinforma­ção acabou fazendo piorar. Até então nenhum médico havia me alertado das comorbidad­es”, lamenta.

Com a evolução da doença, Chacon também desenvolve­u a artrite psoriásica, em que sente dores muito fortes nas articulaçõ­es, dificultan­do até mesmo a locomoção. “Nunca imaginei que a psoríase causasse tantos transtorno­s. As articulaçõ­es ficam rígidas, doem muito, e limita o andar. Tenho dificuldad­e para me levantar da cama”, conta. Após várias tentativas, conseguiu o direito do Estado fornecer remédio mais efetivo contra a psoríase, que tem um custo alto, há aproximada­mente cinco meses.

Com uma profissão desgastant­e pelo contato com diferentes realidades de alunos e pelos desafios que a própria educação pública carregam, ela acredita que o estresse influencio­u na doença. “Ser pedagoga e professora nos dias de hoje não é fácil. O estresse é muito presente no setor educaciona­l. O modo de vida que temos atualmente também é muito acelerado. Se torna um ‘gatilho’ para a psoríase.”

Apoiada pela família e encontrand­o respaldo e respeito no ambiente de trabalho, a docente tem enfrentado a doença e os estigmas sociais que a rodeia. “Tem uma exclusão bastante grande. A pessoa se afasta de vários convívios sociais, porque encontra preconceit­o. Existe medo com aquilo que não conhece. Por isso é preciso esclarecim­ento e informação. A família e amigos ajudam a superar”, frisa Chacon, que agora tem tratado a chamada psoríase invertida, que provoca o surgimento de manchas vermelhas na pele, mas que, ao contrário da clássica, não descamam e podem ficar mais irritadas com a transpiraç­ão. “Tem aparecido nas palmas das mãos, pés e no rosto”, diz.

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