Governo anuncia exoneração de Bebianno; general assumirá cargo
Homem forte da campanha vitoriosa do presidente, Gustavo Bebianno é demitido após ser pivô de denúncia envolvendo candidaturas laranjas em 2018
O presidente Jair Bolsonaro confirmou nessa segundafeira (18) a exoneração de Gustavo Bebbiano do cargo de ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Ex-braço direito do presidente teve o nome envolvido em escândalo de candidatos laranjas do PSL. Decisão foi comunicada pelo porta-voz, general Rêgo Barros, que atribuiu o motivo a uma “questão de foro íntimo” do presidente. Cargo ficará com o atual secretário-executivo da pasta, general Floriano Peixoto Neto.
Brasília, Recife e São Paulo - A crise política causada pela revelação de um esquema de candidaturas laranjas do PSL levou à primeira queda de ministro do governo de Jair Bolsonaro. A exoneração de Gustavo Bebianno do cargo de ministro da SecretariaGeral da Presidência foi confirmada na tarde desta segunda (18) pelo porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, naquilo que Bolsonaro já havia sinalizado nos bastidores. O general da reserva Floriano Peixoto, secretário-executivo da pasta, foi anunciado como substituto no posto, em caráter definitivo.
Bebianno se tornou o centro de uma crise instalada no Palácio do Planalto depois que a Folha de S.Paulo revelou a existência de um esquema de candidaturas laranjas do PSL para desviar verba pública eleitoral. O partido foi presidido por ele durante as eleições de 2018, em campanha de Bolsonaro marcada por um discurso de ética e de combate à corrupção.
Como presidente do PSL nas eleições, Bebianno foi o homem forte da campanha vitoriosa de Bolsonaro e responsável formal pela liberação de verba pública para todos os candidatos do partido. Sua ligação próxima com o presidente o alçou a um ministério instalado dentro do Palácio do Planalto.
A queda do ministro decorre da maior turbulência política enfrentada pelo governo Bolsonaro, que completou 49 dias de existência nessa segunda-feira.
O porta-voz Rêgo Barros ?disse que a decisão de Bolsonaro é de “foro íntimo”. “O presidente agradece sua dedicação à frente da pasta e deseja sucesso na nova caminhada”, afirmou, em relação ao ministro demitido.
O general disse desconhecer a informação de que Bolsonaro ofereceu outros postos no governo a Bebianno. Questionado pela reportagem, disse que não há decisão do presidente em exonerar Marcelo Álvaro Antonio, ministro do Turismo, também envolvido no escândalo do PSL. “Não cabe avançar qualquer suposição nesse caso”, afirmou. A exoneração de Bebianno deve ser publicada nesta terça-feira (19) no Diário Oficial da União.
POTENCIAL EXPLOSIVO
A saída precoce de Bebianno do Planalto preocupa aliados do presidente pelo potencial explosivo de supostas ameaças que ele estaria fazendo nos bastidores. Nesse domingo (17), Bebianno disse à Folha de S.Paulo que, fora do governo, não pretende atacar Bolsonaro, embora haja certa expectativa de que ele mire no vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente, que alavancou a crise ao chamar o agora exministro de mentiroso.
Na última quarta-feira (13), Carlos, que cuida da estratégia digital do presidente, postou no Twitter que o então ministro havia mentido ao jornal O Globo ao dizer que conversara com Bolsonaro três vezes na véspera, negando a turbulência política causada pelas denúncias das candidaturas laranjas.
Antes dessa declaração, a Folha de S.Paulo havia publicado que Bolsonaro, ainda internado no hospital Albert Einstein no processo de recuperação de uma cirurgia, se recusara a atender um telefonema de Bebianno para tratar do assunto.
Bolsonaro endossou nas redes sociais os ataques do filho, inclusive de que Bebianno mentiu, e ainda afirmou, em entrevista à TV Record, que seu ministro poderia “voltar às suas origens” se fosse responsabilizado pelo caso dos laranjas.
Além das críticas, Carlos Bolsonaro elevou a temperatura da crise ao divulgar um áudio no qual o presidente da República se recusa a conversar com Bebianno. A interferência de Carlos foi alvo de críticas de aliados e da ala militar do governo Bolsonaro. A gota-d’água para a demissão, segundo integrantes do Planalto, foi o vazamento de diálogos privados entre Bolsonaro e Bebianno, exclusivos da Presidência, ao site O Antagonista e à revista Veja.