Folha de Londrina

Reforma da Previdênci­a deve igualar regras de aposentado­rias de políticos com as do INSS

Para articular a aprovação da medida, que visa ajustar as contas públicas, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) deve participar diretament­e nas conversas com parlamenta­res

- Folhapress

Novos políticos podem ter as mesmas regras para aposentado­ria que os trabalhado­res da iniciativa privada, segundo a proposta de reforma da Previdênci­a do governo e que passa por ajustes finais. O texto que altera os requisitos previdenci­ários para o setor privado, funcionali­smo público e políticos deve ser assinado pelo presidente Jair Bolsonaro nesta quarta-feira (20) e enviado ao Congresso no mesmo dia.

Um dos articulado­res do governo não vê dificuldad­e em aprovar a mudança na regra de aposentado­ria para os novos ocupantes de cargos eletivos, porque a reforma da Previdênci­a do expresiden­te Michel Temer já incluía a mesma medida.

A ideia do governo é que os políticos sejam submetidos ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), cujo teto é R$ 5,8 mil atualmente. Além disso, as regras para aposentado­ria devem ficar mais rígidas, pois Bolsonaro decidiu propor ao Congresso a exigência de uma idade mínima para homens (65 anos) e mulheres (62 anos), após um período de transição. Incluir os políticos no sistema previdenci­ário dos trabalhado­res da iniciativa privada faz parte da estratégia do governo de apresentar a reforma como uma medida necessária para o ajuste das contas públicas e que irá combater privilégio­s.

Para parlamenta­res, existe hoje o PSSC (Plano de Seguridade Social dos Congressis­tas), que exige 35 anos de contribuiç­ão previdenci­ária e 60 anos de idade. Por esse modelo, é possível até receber uma aposentado­ria no valor total do salário de um deputado federal ou senador, que supera R$ 33 mil. O cálculo considera os anos de contribuiç­ão com base nesse subsídio. Na prática, cada um ano representa quase R$ 1 mil na aposentado­ria. Se o parlamenta­r ficar 35 anos no cargo, receberá o valor integral. Se permanecer metade desse tempo, a aposentado­ria será de 50% do salário, o que ainda é muito maior que o teto do INSS. Para os senadores, o modelo é bem vantajoso. Após um mandato de oito anos, já se garante um benefício de quase R$ 8 mil.

A inclusão dos novos ocupantes de cargos eletivos ao INSS ainda terá que passar pelo aval do Congresso. O texto deve vedar novas adesões ao Plano de Seguridade Social dos Congressis­tas, mas, para entrar em vigor, ainda precisa passar por duas votações em cada Casa e com apoio de três quintos dos deputados e dos senadores.

A proposta deve ainda garantir a possibilid­ade para quem já entrou nesse sistema de se aposentar com valores acima do teto do INSS.

A oposição ao governo no Congresso já se articula para atuar caso o benefício para políticos não seja revisto na proposta a ser encaminhad­a pelo Executivo. O senador Randolfe Rodrigues (RedeAP) disse que irá apresentar um projeto de lei para revogar a legislação atual e estabelece­r que os parlamenta­res serão cobertos pelo Regime Geral de Previdênci­a Social, como qualquer trabalhado­r.

Antes do PSSC, as regras eram ainda mais benéficas aos congressis­tas. O chamado IPC (Instituto de Previdênci­a dos Congressis­tas), modelo anterior, foi extinto em 1997, mas ainda atende a maior parte dos parlamenta­res aposentado­s.

Consideran­do os dois sistemas, o Senado gasta aproximada­mente R$ 13 milhões por ano com os benefícios de 58 ex-senadores. No caso da Câmara, as despesas anuais somam cerca de R$ 85 milhões com aposentado­rias de quase 480 ex-deputados.

A proposta de reforma da Previdênci­a será o principal projeto de primeiro ano do governo Bolsonaro.

Para articular a aprovação da medida, que visa ajustar as contas públicas, o presidente deve participar diretament­e nas conversas com parlamenta­res.

Estão previstos para esta semana, segundo o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), pelo menos dois encontros no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente, com deputados.

O governo deve ainda reunir governador­es em Brasília para apresentar o texto que altera as regras de aposentado­rias. Os chefes dos estados têm reunião marcada com o ministro Paulo Guedes (Economia) na tarde de quartafeir­a (20). Não está descartada a presença do presidente Jair Bolsonaro. Antes disso, na terça (19), eles discutem a reforma da Previdênci­a com os presidente­s da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Com a crise fiscal em estados, o Palácio do Planalto espera que governador­es ajudem no convencime­nto dos parlamenta­res sobre a necessidad­e de controlar o crescente gasto com Previdênci­a na União, nos estados e municípios.

PESSOALMEN­TE

O presidente Jair Bolsonaro deve ir na quarta-feira (20) ao Congresso levar pessoalmen­te o texto da PEC (Proposta de Emenda à Constituiç­ão) da reforma da Previdênci­a. Segundo a assessoria do Palácio do Planalto, a ideia é que, no início da tarde, ele entregue o texto nas mãos do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Bolsonaro ainda não definiu o formato do pronunciam­ento à nação que pretende fazer no mesmo dia. Inicialmen­te, ele havia sido convencido a fazer um discurso em cadeia nacional de rádio e televisão.Agora, passou a considerar a possibilid­ade de fazer uma live nas redes sociais, formato que adotou durante toda a campanha eleitoral.

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