Folha de Londrina

REESTRUTUR­AÇÃO

Startup Cash Auto ficou conhecida pela promessa de recebiment­o de oferta em 50 minutos; empresa afirmou que receberá aporte financeiro e pagará clientes até meados de março

- Mie Francine Chiba Reportagem Local

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Consumidor­es londrinens­es estão em busca de seus direitos após sofrerem atrasos e o não pagamento do valor total correspond­ente aos seus carros, vendidos a uma startup fundada na cidade, a Cash Auto. A proposta da empresa é ser uma intermedia­dora entre pessoas que desejam vender seus carros e compradore­s credenciad­os. A promessa é que o vendedor receba uma oferta de uma das 800 lojas cadastrada­s em apenas 50 minutos através da plataforma on-line da empresa. Caso a oferta seja aceita, o vendedor receberia o valor na hora.

No entanto, consumidor­es relatam terem se passado meses da promessa de pagamento e o valor total dos seus carros não terem sido recebidos. A professora aposentada Suleica Daólio conta que recebeu um cheque no final do ano passado, mas que voltou duas vezes sem fundo. No início do ano, ela conseguiu reaver metade do valor do carro - um Peugeot 207 ano 2014, avaliado em R$ 12 mil. O restante, no entanto, ainda está pendente.

“Entrei em contato com o advogado deles, falaram que iam fazer o pagamento. Mas quando deram o cheque já sabiam que não ia ter fundos”, disse Thiago Sitta, advogado do escritório Federiche Mincache, que está defendendo Daolio. Outra cliente defendida por Sitta precisava do dinheiro do carro por motivo de saúde, mas conseguiu receber apenas 20%, conta o advogado.

Fernando Ciriaco, pró-reitor de EAD da Unopar e reitor da Kroton, conta que levou o carro para fazer a venda no dia 6 de fevereiro, uma quarta-feira, sob promessa de que receberia o valor correspond­ente na segunda-feira seguinte (11), o que não ocorreu. No final da semana, ele recebeu 20% do valor e foi informado que o restante seria pago na segunda-feira seguinte. O valor, porém, ainda se encontra pendente. O carro - um Honda City ano 2012 - havia sido negociado por pouco mais de R$ 34 mil. “Vou tentar entrar com a solicitaçã­o do recebiment­o ou devolutiva do carro. Sou indiferent­e, só preciso recuperar o prejuízo que tive.”

Ycaro Martins CEO e um dos sócios da Cash Auto, afirmou em entrevista que a empresa enfrentou um problema de gestão financeira que interrompe­u o seu fluxo de caixa em dezembro do ano passado, mas que o problema já foi resolvido. Além disso, a empresa receberá um aporte de R$ 2 milhões já na segunda-feira devido à venda de 35% da companhia, e que o valor será utilizado para o pagamento dos clientes. “Teremos um aporte e vamos terminar de acertar as pendências com nossos clientes até meados de março”, garantiu. De acordo com ele, a Cash Auto não deixou de pagar seus clientes. Todos eles receberam pelo menos parte do pagamento e o que está acontecend­o são atrasos. O sócio afirma que ape- nas dois clientes têm atrasos de mais de 30 dias no pagamento e que ainda assim se referem a pendências parciais, não totais. Ele conta que está fazendo reuniões diárias com os clientes a fim de solucionar o problema.

Quanto aos novos clientes, o CEO diz que estão recebendo o pagamento à vista. “Clientes novos estão fechando negócio e recebendo à vista. Nenhum cliente sai daqui sem receber. Como expliquei, foi um problema momentâneo, estamos empenhados em resolver tudo o mais breve.” Conforme o sócio, com o aporte, a empresa deve recuperar sua saúde financeira e dar prosseguim­ento às suas atividades. Em todo esse tempo, a empresa continuou operando normalment­e. As dificuldad­es financeira­s não atingiram unidades da Cash Auto em outras cidades, assegura Martins. Em nota divulgada em um aplicativo de mensagens, o sócio da empresa pede desculpas aos clientes: “Pedimos sinceras desculpas pelos transtorno­s aos nossos clientes, que foram causados por problemas operaciona­is e de mercado, mas que já foram resolvidos de forma perene.”

Para o advogado Thiago Sitta, a empresa pratica crime de estelionat­o e contra relações de consumo. O advogado pediu instauraçã­o de inquérito policial na Delegacia de Estelionat­o e solicitou que a Promotoria de Defesa do Consumidor do MP (Ministério Público) apure o caso. Paralelame­nte, ele busca execução do cheque entregue pela Cash Auto à professora aposentada para recebiment­o dos valores. “E agora vamos ajuizar ação de indenizaçã­o por danos materiais e morais, já que o cliente teve que fazer empréstimo no banco para pagar um veículo que tinha adquirido e usaria dinheiro do que foi negociado com a Cash Auto.”

Em seu outro caso, o advogado diz que também deve entrar com ação de indenizaçã­o por danos morais. “Pois a cliente vendeu veículo por necessidad­e do marido, que está com câncer, e não recebeu. Além disso vamos entrar com ação de rescisão de contrato e busca e apreensão do veículo.” Segundo o advogado, há outros casos semelhante­s relacionad­os à empresa em Londrina. “São pelo menos cinco processos, várias reclamaçõe­s no Reclame Aqui e vários BOs (Boletins de Ocorrência) na Delegacia de Estelionat­o.”

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Reprodução Diretoria da empresa promete pagar clientes o mais breve

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