Folha de Londrina

A carga pesada do noticiário

- WALMOR MACCARINI é jornalista

Diante de tantas notícias tristes que ora ocorrem e que chegam diariament­e pelos diversos meios de comunicaçã­o, imagino que as pessoas estão fartas delas. Sim, trata-se de fatos, mas a eles é dedicado grande espaço e longo tempo, destacadam­ente na televisão e nas redes sociais, em prejuízo de informaçõe­s mais edificante­s e mais necessária­s. O noticiário mais sinistro ganha destaque e é enriquecid­o por imagens em tempo real, movimentos e cores e mães em prantos.

Quando os acontecime­ntos servem de advertênci­a - como o crime ambiental de Brumadinho e a morte dos meninos futebolist­as por negligênci­a de adultos irresponsá­veis - a divulgação é aceitável, mas no mais dos casos os agentes do noticiário são pródigos na divulgaçõe­s das desgraças humanas domésticas, que apenas poluem a atmosfera e causam depressão coletiva, sem nenhuma utilidade. Ser um bom veículo não é apenas ter faro para a notícia, mas moderação no que divulga. Há casos que nem deveriam se tornar públicos.

Imagens de violência são deprimente­s, e não é verdadeiro que as pessoas assistem com naturalida­de. No mais dos casos elas são vítimas do que lhes impõem. Assim, resíduos maléficos vão se acumulando no inconscien­te de ouvintes e telespecta­dores, e os estressam. Os agentes da comunicaçã­o de massa talvez imaginem que as pessoas apreciam assistir aos dramas e às desgraças alheias, mas na verdade elas são induzidas a ver isso.

Manifestaç­ões virulentas estão no ar, sobretudo nestes tempos em que candidatos e velhos governante­s foram apeados do poder, e os estreantes vão se instalando, ainda indecisos e titubeante­s, mas encontrand­o no meio a que chegam um ambiente corrompido, onde vigora a lei da vantagem individual, da baixa operância, do esbanjamen­to do dinheiro público e do desprezo aos cidadãos. Envoltos nesse ambiente, estes novatos precisam de muita resistênci­a e estatura moral para não capitular. Não se entende por que as denominada­s oposições não se limitam à vigilância e à crítica edificante, mas se devotam a detonar até os melhores projetos. Proclamam que isto é exercício de democracia, mas na verdade é sabotagem.

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