A carga pesada do noticiário
Diante de tantas notícias tristes que ora ocorrem e que chegam diariamente pelos diversos meios de comunicação, imagino que as pessoas estão fartas delas. Sim, trata-se de fatos, mas a eles é dedicado grande espaço e longo tempo, destacadamente na televisão e nas redes sociais, em prejuízo de informações mais edificantes e mais necessárias. O noticiário mais sinistro ganha destaque e é enriquecido por imagens em tempo real, movimentos e cores e mães em prantos.
Quando os acontecimentos servem de advertência - como o crime ambiental de Brumadinho e a morte dos meninos futebolistas por negligência de adultos irresponsáveis - a divulgação é aceitável, mas no mais dos casos os agentes do noticiário são pródigos na divulgações das desgraças humanas domésticas, que apenas poluem a atmosfera e causam depressão coletiva, sem nenhuma utilidade. Ser um bom veículo não é apenas ter faro para a notícia, mas moderação no que divulga. Há casos que nem deveriam se tornar públicos.
Imagens de violência são deprimentes, e não é verdadeiro que as pessoas assistem com naturalidade. No mais dos casos elas são vítimas do que lhes impõem. Assim, resíduos maléficos vão se acumulando no inconsciente de ouvintes e telespectadores, e os estressam. Os agentes da comunicação de massa talvez imaginem que as pessoas apreciam assistir aos dramas e às desgraças alheias, mas na verdade elas são induzidas a ver isso.
Manifestações virulentas estão no ar, sobretudo nestes tempos em que candidatos e velhos governantes foram apeados do poder, e os estreantes vão se instalando, ainda indecisos e titubeantes, mas encontrando no meio a que chegam um ambiente corrompido, onde vigora a lei da vantagem individual, da baixa operância, do esbanjamento do dinheiro público e do desprezo aos cidadãos. Envoltos nesse ambiente, estes novatos precisam de muita resistência e estatura moral para não capitular. Não se entende por que as denominadas oposições não se limitam à vigilância e à crítica edificante, mas se devotam a detonar até os melhores projetos. Proclamam que isto é exercício de democracia, mas na verdade é sabotagem.