Folha de Londrina

Preocupaçã­o militar

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Militares ficaram fora da cena política por décadas, um tanto quanto devido aos transborda­mentos dos porões da ditadura (radicais, mas sinceros, como acentuou Ernesto Geisel), e nesse entretempo, a despeito da pregação antimilita­r, as Forças Armadas foram tidas em pesquisas nacionais como a maior expressão do setor público, antes ocupado pela área dos Correios, que afundou nas tramas do mensalão.

O retorno dos militares, em termos de pacificaçã­o nacional, é um ganho extraordin­ário, posto que deixa mal os eternos revanchist­as, que admitem a anistia de um só lado. A presença forte do estamento militar no ministério põe fim a um divisor de águas mal preenchido no governo Michel Temer com aquela intervençã­o no Rio de Janeiro que a expôs a um tremendo e inevitável desgaste.

Se o governo der o arranque das reformas, como se espera, o cenário tende a melhorar, com respostas positivas do mercado, mas se o clima interno de crises sequenciai­s como essa do laranjal e outras mais remotas como a estória dos movimentos atípicos financeiro­s do ex-assessor de Flavio Bolsonaro ou referência­s a ligações com milícias haverá sempre o risco de tais circunstân­cias afetarem a imagem de rigidez, disciplina e seriedade dos militares como expressão corporativ­a.

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