Caminho manchado de sangue
A ONG (organização não governamental) Transgender Europe mostra que, de 2009 a 2016, ao menos 868 travestis e transexuais foram assassinadas no País. As informações são baseadas em dados do GGB (Grupo Gay da Bahia). Segundo o mapeamento, depois do Brasil, vem o México, com 259 assassinatos, e a Colômbia, com 109.
O estudo da ONG estrangeira contou alguns casos como o de Alex, uma garota trans que foi espancada no Rio de Janeiro até morrer, em 2014, pelo próprio pai. Os casos usualmente possuem em comum um fato: a crueldade.
Segundo o “Mapa dos Assassinatos de Travestis e Transexuais”, produzido pela Antra, 70% dos assassinatos do País em 2017 foram de travestis que se prostituem, sendo 55% deles nas ruas e 85% com requintes de crueldade. Segundo os coletivos, no Paraná foram 8 homicídios em 2017 e 6 no ano passado.
A Antra estima que a cada 48 horas uma pessoa trans é morta no País, com uma idade média de 27,7 anos. O relatório aponta 179 assassinatos em todo o Brasil em 2017, sendo 169 de travestis e mulheres trans e 10 de homens trans.
De acordo com dados levantados pela associação, “90% da população de travestis e transexuais utilizam a prostituição como fonte de renda, e possibilidade de subsistência, devido à dificuldade de inserção no mercado formal de trabalho e à deficiência na qualificação profissional causada pela exclusão social, familiar e escolar”.
Melissa Campus, travesti, atriz e ativista ressalta que as pessoas trans sempre estiveram ameaçadas. “Há toda uma transfobia institucional que legitima esses atos. Se você não identifica a vítima, você não identifica a motivação da violência. Uma travesti morta parece que não comove ninguém. As pessoas se comoveram mais pelo cachorro que foi morto no mercado do que pelo caso da Scarletty”, protesta.