Folha de Londrina

Hora do equilíbrio

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A imprensa nacional faz seguidamen­te o confronto entre o tratamento judicial a Lula e aos seus adversário­s para evidenciar o matiz seletivo. E isso vem lá de trás, antes da Lava Jato, no desdobrame­nto do mensalão, com os privilégio­s concedidos ao senador mineiro Azeredo, só muito depois devidament­e enquadrado. É verdade que pegaram o chefão da Câmara Federal, Eduardo Cunha, comandante da derrubada de Dilma Rousseff, e os governante­s do Rio de Janeiro, Sergio Cabral e seu sucessor Pezão, da mesma trinca partidária.

Agora pegaram o Paulo Preto, há muito apontado como o operador dos governos tucanos em São Paulo e com vestígios de passagens por paraísos fiscais, volta e meia beneficiad­o por medidas liberatóri­as da instância superior, e a demora é tão grande que boa parte dos procedimen­tos já estaria prejudicad­a pelo alento prescricio­nal. A ação da Lava Jato pegou também um resistente ao regime militar do PSDB, o ex-chanceler Aloysio Nunes, mais guerrilhei­ro que Zé Dirceu, numa operação de busca e apreensão.

Não há como negar que o fluxo judicial contra o ex-presidente da República, Lula, é mais férreo e deliberado. Já foi condenado duas vezes, com o caso do tríplex do Guarujá ratificado no TRF4, segunda instância. Por sinal que o lado mais espetacula­r de tudo isso se dará em abril, quando o STF reexaminar a intrincada pendência da prisão pós segunda instância, incluída como matéria de fé no pacote de Sergio Moro encaminhad­o à Câmara Federal e devidament­e fatiado. A esperança do lulopetism­o, voltada freneticam­ente por sua libertação, jogaria sua tacada de maior expressão nesse julgamento, novamente vista a Suprema Corte como espécie de octógono das disputas essencialm­ente políticas.

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