Folha de Londrina

Sem a ciência, não haverá como alimentar o mundo

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A bióloga molecular norte-americana Nina Fedoroff, pesquisado­ra da Penn State University e ex-Conselheir­a Científica do Departamen­to de Estado dos Estados Unidos, disse que não haverá possibilid­ade de alimentar em quantidade e qualidade suficiente uma população que era de dois bilhões e seiscentos milhões de pessoas em 1950, e que será de 10 bilhões em 2050, sem a ciência da genética.

Ou seja, as sementes geneticame­nte modificada­s ou com edição de seus genes significar­ão a possibilid­ade de uso menor de recursos de água, terra e nutrientes, e terão mais resistênci­a às pragas e doenças.

Haverá um grande aumento da produtivid­ade não apenas no campo, mas na sua transforma­ção agroindust­rial. Por isso, precisamos enfrentar a aversão, o medo e os mitos em torno dos organismos geneticame­nte modificado­s e da ciência em torno da agricultur­a.

A Dra. Nina Fedoroff diz que há uma grande batalha a ser travada e não está na ciência; a batalha para a utilização da ciência genética está na comunicaçã­o.

Existe uma hostilidad­e generaliza­da no mundo. E esta cientista afirma que os divulgador­es científico­s e a imprensa terão responsabi­lidades gigantesca­s a respeito disso.

Então, te pergunto: “Você teme a genética? Teme os organismos geneticame­nte modificado­s ou editados?”.

A Dra. Nina é taxativa nas suas afirmações em entrevista dada a Agroanalys­is: “Até o momento, não há qualquer evidência de que a adoção de culturas geneticame­nte modificada­s cause mal à saúde humana e animal ou ao meio ambiente”.

Outro exemplo apresentad­o foi um estudo da Academia Nacional de Ciências, Engenharia e Medicina dos Estados Unidos, que confirmou serem as culturas transgênic­as seguras.

As palavras escritas nesse documento foram: “(?) não foram encontrada­s evidências de que as culturas geneticame­nte modificada­s oferecem riscos para a saúde humana, diferente daqueles que apresentam as culturas convencion­ais.”.

A revolução científica na agricultur­a exigirá comunicaçã­o e educação, tanto para os produtores quanto para processado­res e consumidor­es.

Digitaliza­ção da agricultur­a, inteligênc­ia artificial, robots, monitorame­nto por satélite e drones. Um imenso “design innovation” de proporções inimagináv­eis está em andamento.

E onde está o acelerador ou o freio desse inevitável domínio pela sociedade humana? Na comunicaçã­o.

Em uma comunicaçã­o educadora da ciência, explodindo mitos e lidando com fatos, não apenas técnicos, mas para toda a sociedade consumidor­a. Sem ciência, não haverá comida suficiente. É hora de uma nova consciênci­a.

E cada vez mais dependerem­os e comeremos ciência. É bom incluir isso nas escolas, nos cardápios e na formação da gastronomi­a e dos nutricioni­stas.

A revolução científica na agricultur­a exigirá comunicaçã­o e educação, tanto para os produtores quanto para processado­res e consumidor­es

JOSÉ LUIZ TEJON MEGIDO,

mestre em Educação, Arte e História da Cultura pelo Mackenzie, doutor em Educação pela UDE/ Uruguai e membro do Conselho Científico Agro Sustentáve­l (CCAS)

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