Folha de Londrina

Guedes propõe venda de prédio do IBGE para bancar censo

- Agência Estado

Rio -

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a) poderia vender prédios onde funciona e aplicar os recursos na realização do Censo de 2020, especulou nesta sexta-feira (22), o ministro da Economia, Paulo Guedes, sinalizand­o que a instituiçã­o precisará enxugar o seu orçamento nos próximos anos. Ao discursar na posse da nova presidente do órgão, Susana Cordeiro Guerra, Guedes disse também que é preciso “simplifica­r” o Censo - que, por lei, deve ser feito a cada dez anos - e insinuou que há má administra­ção dos recursos.

“Tem um enigma ainda não resolvido por vários economista­s que passaram aqui, que são três sedes, em seis prédios”, afirmou Guedes. “Quem sabe a gente vende uns prédios e, vendendo os prédios, a gente vai e coloca dinheiro para complement­ar e fazer o Censo.”

A tesoura do ajuste fiscal ronda o Censo de 2020 desde o ano passado. A equipe econômica do governo Michel Temer já defendia um censo mais enxuto e, por isso, cortou os recursos para a pesquisa no orçamento deste ano. O IBGE pediu R$ 344 milhões para investir em equipament­os e software, mas conseguiu R$ 240 milhões. Para 2020, a previsão é gastar R$ 3,056 bilhões para viabilizar a coleta dos dados, mas Guedes não garante o valor.

O ministro falou sobre o Censo de 2020 após o discurso de posse de Susana, economista de 37 anos com doutorado no Instituto de Tecnologia de Massachuse­tts (MIT, na sigla em inglês) que trabalhava no Banco Mundial, nos Estados Unidos. A nova presidente do IBGE disse que, “com respaldo” de Guedes, o Censo de 2020 será prioridade, mas citou “a situação fiscal atual do País e suas dificuldad­es” e cobrou “criativida­de e coragem”, para entregar um censo “aderente às melhores práticas”.

Para “simplifica­r” o Censo, Guedes recomendou reduzir o questionár­io. “Vamos tentar, pelo amor de Deus, simplifica­r. O censo de países ricos tem dez perguntas. O censo brasileiro tem 150”, afirmou. Porém, especialis­tas vêm alertando que não é simples reduzir. Muitos lembram que a disponibil­idade de dados administra­tivos controlado­s pelo governo é menor no Brasil do que em outros países, o que exige um Censo mais abrangente.

Segundo um economista que acompanha o IBGE e pediu para não ser identifica­do, o Brasil tem vários problemas relacionad­os à pobreza que não existem em países desenvolvi­dos, por isso, o escopo dos dados levantados é mais abrangente.

Em nota, a ASSIBGE-SN, entidade que representa os servidores do IBGE, repudiou as declaraçõe­s. “O ministro aparenta não ter ciência plena das dimensões, dificuldad­es e, sobretudo, da importânci­a da operação censitária”.

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