Folha de Londrina

Há margem para o lucro

Piscicultu­ra paranaense cresce 16% em 2018 puxada pela tilápia e aposta na recuperaçã­o do poder de compra e na abertura de mercados internacio­nais para novos saltos

- Fábio Galiotto Reportagem Local

Aprodução de peixes cresceu 16,0% em 2018 ante 2017 no Paraná, que é o principal estado do País no cultivo e puxou o resultado brasileiro. A tilápia é o filé dessa atividade e já é considerad­a a principal aposta para conquistar mercados bilionário­s no exterior, como os Estados Unidos. Ao mesmo tempo, a expectativ­a é que a economia brasileira se recupere e garanta poder de compra ao consumidor nacional, que ainda demanda apenas 9,7 quilograma­s de peixe por habitante ao ano.

No País, a piscicultu­ra cresceu 4,5% no ano passado na comparação com o anterior. Houve aumento de 11,9% na produção de tilápias e de 8,0% na categoria chamada de outras espécies, composta principalm­ente por carpas, trutas e pangas. Ambas as divisões são criadas em cativeiro. Já a pesca de peixes nativos recuou 4,8%. Todos os números são do Anuário de 2019 da Peixe BR (Associação Brasileira da Piscicultu­ra).

Foram produzidas 722,5 mil toneladas (t) de peixes em geral no ano passado, no País, dos quais 129,9 mil, ou 18,0%, pelo Paraná. Somente no mercado de tilápias, o Brasil chegou a 400,3 mil t e a participaç­ão paranaense atinge quase um terço, ou 30,8%. Foram 123 mil t do peixe que conquista paladares por aqui e é um dos principais produtos lá fora, pelo sabor suave e por oferecer um filé generoso e de poucas espinhas.

O problema é que, no mercado internacio­nal, o Brasil ainda usa a vara de pescar enquanto os concorrent­es trabalham com redes. Foram US$ 5,5 milhões em tilápias brasileira­s compradas pelos EUA no ano passado, ante mais de US$ 4 bilhões do mesmo produto chinês, conforme dados da Peixe BR obtidos junto à Secex (Secretaria de Comércio Exterior). Os norte-americanos são reconhecid­amente os maiores importador­es de peixes do mundo, com demanda de 50% de tudo o que consomem em pescados e 95%, em tilápias.

Entretanto, mais importante ainda é o consumo interno. Os brasileiro­s consomem uma média de 9,7 kg por ano, menos do que os 9,9 kg per capita do continente africano. O volume é muito distante dos 20 kg da média mundial, diz o presidente da Peixe BR, Francisco Medeiros. “No mercado interno, estamos trabalhand­o para promover o consumo, porque é produzimos um peixe de excelente qualidade, premium pelos padrões internacio­nais, que é saboroso e bom para a saúde das pessoas”, diz.

MODELO NACIONAL

O presidente da associação afirma que o Paraná cresce acima da média porque se adiantou na regulament­ação ambiental e porque oferece uma cadeia interligad­a e completa, do fornecimen­to de insumos até a industrial­ização. “O Paraná criou um sistema regulatóri­o próprio, que precisa de melhorias como qualquer outro, mas que funciona e garante segurança jurídica. Por isso, cresce acima da média”, diz.

Ao se especializ­ar em tilápias, saiu na frente também em um mercado que tem demanda hoje em todos os estados brasileiro­s. Cenário que permitiu à Aquabel, com sede em Rolândia, Região Metropolit­ana de Londrina, tornar-se a líder no fornecimen­to de alevinos de tilápia, com foco em melhoramen­to genético, alto volume de produção e fornecimen­to contínuo ao longo do ano. Hoje a empresa tem dez unidades nas cinco regiões do País e desde 2016 formou uma joint-venture com o EW Group, maior empresa de genética animal do mundo, sediada na Alemanha.

O CEO da Aquabel, Ricardo Neukirchne­r, que fundou a empresa com Claudio Batirola, afirma que as perspectiv­as são excelentes para os próximos anos. “Tivemos uma acomodação normal do mercado, porque a curva de cresciment­o nunca é exatamente uma curva, mas uma escadi-

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