Em meio a provável mudança nas atribuições da Guarda Municipal, secretário de Defesa Social, Evaristo Kuceki, pede demissão
Prefeito e secretário não se manifestam sobre virtual exoneração; Executivo quer que a Guarda Municipal volte a cuidar apenas dos prédios públicos do município
Não confirmado pelo prefeito Marcelo Belinati (PP), que não se manifestou sobre o assunto, o motivo do pedido de demissão feito pelo secretário de Defesa Social e chefe da Guarda Municipal, Evaristo Kuceki, nessa segunda-feira (25) pela manhã pode ter a ver com um decreto a ser publicado no Diário Oficial do Município determinando que a GM volte a ter como única atribuição cuidar dos prédios públicos da cidade.
O Núcleo de Comunicação da Prefeitura confirmou o pedido de exoneração de Kuceki, mas até o fechamento da edição não houve uma posição oficial nem por parte do secretário nem do prefeito. A FOLHA tentou contato com Kuceki durante todo o dia, sem sucesso.
O pedido de demissão chega num momento em que a Guarda Civil Municipal recebe críticas devido a sucessivos furtos a prédios públicos, como escolas e postos de saúde, e áreas públicas. Como foi criada para cuidar dos próprios públicos - mas, agora, auxiliando a Polícia Militar no policiamento ostensivo -, a existência da GM impede que a Prefeitura de Londrina contrate serviços de vigilância para as repartições.
A reportagem apurou que Marcelo Belinati já teria preparado o decreto determinando que a GM volte a cuidar apenas dos próprios públicos do município, posição da qual Kuceki discorda.
TURBULÊNCIAS
A gestão de Evaristo Kuceki também foi marcada por casos de morte por arma de fogo provocadas por guardas municipais. Em abril de 2017, Ricardo Leandro Felippe matou a sócia de uma ex-namorada e o filho de outra ex-companheira - o pai dela ficou ferido e morreu dias depois. Felippe foi preso, exonerado e chegou a ser condenado. Ele se suicidou na PEL II (Penitenciária Estadual de Londrina 2), em outubro de 2018.
No fim de novembro de 2017, um paciente da UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) que entrou em surto e passou a agredir funcionários e depredar o patrimônio público foi morto por um guarda municipal depois de entrarem em confronto. Após ser abordado pelo GM, José Vilmo Silvestre da Silva saiu da unidade, mas foi perseguido a pé. Eles entraram em luta corporal nas proximidades da UPA e a vítima conseguiu pegar a arma do agente, mas acabou alvejado por dois tiros de uma segunda arma levada pelo GM.
Em março de 2018, o jovem Matheus Evangelista também morreu em uma ação de GMs ao atender uma reclamação de importunação do sossego na zona norte. Michael Garcia e Fernando Neves aguardam julgamento presos e, apesar de afastados, não foram exonerados.
Nos últimos dois anos, atuação da Guarda Municipal também foi marcada por casos de mortes de civis por arma de fogo