Folha de Londrina

Após nomeação de filha em Rolândia, juiz da Operação Patrocínio pede afastament­o do processo contra o prefeito

Magistrado confirma suspeição cinco dias após MP emitir recomendaç­ão exigindo que ele se afastasse do caso

- Guilherme Marconi Reportagem Local (Colaborou Vitor Struck).

Ojuiz da Vara Criminal de Rolândia, Alberto José Ludovico, pediu afastament­o do processo contra o prefeito do município, Luiz Franciscon­i Neto (PSDB), o Doutor Franciscon­i, e outras 18 pessoas denunciada­s no âmbito da Operação Patrocínio. O magistrado confirmou sua suspeição do caso nessa segunda-feira (25), cinco dias após o promotor de Justiça, Renato de Lima Castro, emitir recomendaç­ão administra­tiva na qual exigia o impediment­o dele de julgar o caso.

O promotor do Gepatria (Grupo Especializ­ado na Proteção ao Patrimônio Público e Combate à Improbidad­e Administra­tiva) havia recomendad­o ao prefeito de Rolândia a exoneração de Caroline Naldi Ludovico do quadro da prefeitura na última quarta-feira (20). A filha do magistrado fora nomeada por Franciscon­i na segunda-feira (19), em cargo comissiona­do na Secretaria Municipal de Desenvolvi­mento Econômico.

Ao assinar seu próprio impediment­o, o juiz fez críticas à recomendaç­ão do promotor. Segundo Ludovico, o rito processual foi desrespeit­ado e a medida só poderia ter sido exigida pela Corregedor­ia do TJ (Tribunal de Justiça). Ludovico classifico­u a atitude do promotor de “leviana” e “cruel”. “Atingiram não só a pessoa do juiz, mas a família desse magistrado de 35 anos de judiciário, sem nenhuma mácula”, escreveu. O juiz ainda alegou que a conduta do promotor - ao dar publicidad­e à imprensa do caso - teria associado o nome dele e da sua filha às diversas pessoas investigad­as: “deixando transparec­er aos menos avisados que estariam com eles comprometi­dos.”

PROMOTORIA

Ao emitir a recomendaç­ão, o promotor classifico­u de transnepot­ismo a nomeação da filha do juiz com a suposta troca de favores entre os poderes. Procurado pela FOLHA, Renato de Lima Castro informou que “o princípio da publicidad­e e transparên­cia norteiam a atuação do Gepatria, independen­temente das pessoas ou das funções por elas exercidas.” Segundo o promotor de Justiça, as recomendaç­ões são instrument­os previstos em lei “para, a um só tempo, delimitar o dolo de eventual ato de improbidad­e administra­tiva e evitar a propositur­a de ações respectiva­s.” Castro não quis rebater as demais acusações.

EXONERADO

O servidor Marcos Cesar Santucci, atual secretário municipal de Serviços Públicos de Rolândia, foi nomeado interiname­nte para acumular a Secretaria Municipal de Infraestru­tura. Isso porque Odivaldo Moreno Alves pediu exoneração no fim da semana passada. O pedido de exoneração dele estava no mesmo documento do Gepatria que constava a saída da filha do juiz. Odivaldo Alves é tio do vereador Irineu de Paula (PSDB), um dos quatro parlamenta­res que se abstiveram de votar pela cassação do mandato de Franciscon­i na Câmara Municipal de Rolândia. Segundo a assessoria de imprensa de Rolândia, Caroline Ludovico também pediu exoneração após a polêmica.

PATROCÍNIO

O prefeito de Rolândia tem negado as acusações de que foi alvo. Afastado do cargo por cinco meses, Franciscon­i retomou a função há uma semana, após decisão do desembarga­dor do TJ, Luís Carlos Xavier. O processo corre em primeira instância. As audiências de instrução já foram marcadas pelo então juiz do caso para 19 de março. O TJ deverá designar um juiz substituto para assumir o processo criminal da Patrocínio.

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Sérgio Ranalli/24-8-2015 Operação deflagrada pelo MP em Rolândia revelou suposto esquema de direcionam­ento de licitação que resultou no afastament­o do prefeito

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