Folha de Londrina

Cobrado por Bolsonaro, Moro apresenta investigaç­ão sobre facada

Inquérito foi aberto no ano passado para investigar se houve participaç­ão de terceiros no crime cometido por Adélio Bispo de Oliveira, que está preso

- Reynaldo Turollio Jr. Folhapress

Brasília

- O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, apresentou ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) nessa segundafei­ra (25) os resultados parciais da investigaç­ão da Polícia Federal sobre a facada desferida em setembro passado contra o então candidato durante um ato de campanha em Juiz de Fora (MG). Moro e Bolsonaro reúniram-se no Planalto para tratar do assunto. Segundo o ministro, o inquérito da PF continua em andamento.

“O presidente é a vítima, ele é interessad­o na investigaç­ão, então vai ser apresentad­o a ele o resultado da investigaç­ão até o momento”, disse Moro a jornalista­s antes da reunião e após ter participad­o do seminário Políticas Judiciária­s e Segurança Pública, promovido pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) em Brasília.

Responsáve­l pela PF, o ministro da Justiça não revelou qual rumo a investigaç­ão tomou. O inquérito foi aberto no ano passado para investigar se houve participaç­ão de terceiros no crime cometido por Adélio Bispo de Oliveira, que está preso.

No último dia 10, internado em São Paulo após passar por uma cirurgia em decorrênci­a da facada, Bolsonaro divulgou um vídeo em que pediu uma solução para a investigaç­ão. “Espero a nossa querida Polícia Federal, a polícia que nos orgulha a todos, tenha uma solução para o nosso caso nas próximas semanas”, disse na ocasião. No vídeo, o presidente disse que o caso “não pode ficar impune”.

Um outro inquérito, concluído pela PF em Minas Gerais, chegou à conclusão de que Adélio agiu sozinho no dia do crime. Pessoas que estavam próximas fisicament­e dele no momento da facada foram interrogad­as e tiveram celulares e computador­es apreendido­s e periciados. Em conjunto com imagens do momento do atentado, a Polícia Federal concluiu que essas pessoas não tinham relação com o atentado nem com Adélio.

PROJETO

No evento do CNJ dessa segunda, Moro anunciou que o Ministério da Justiça planeja trazer para o Brasil um projeto, exitoso na Europa, que visa estabelece­r “contratos locais de gestão de segurança pública” em municípios com altos índices de criminalid­ade.

Sem dar muitos detalhes, Moro afirmou que a ideia é firmar uma espécie de contrato entre União, Estados e municípios para definir responsabi­lidades e ações conjuntas para o combate à criminalid­ade nesses locais.

O ministro também aproveitou o evento, repleto de juízes, membros do Ministério Público e advogados, para defender seu pacote anticrime enviado ao Congresso com o objetivo de alterar 14 leis e endurecer as normas para criminosos perigosos e acusados de corrupção.

“Não há condições de um endurecime­nto geral, nossos presídios não comportam um aumento acentuado da população carcerária. Não obstante, é possível, sim, defender o endurecime­nto do sistema em relação à criminalid­ade mais grave”, disse Moro em sua palestra.

O ministro afirmou que seu pacote tem três alvos: a criminalid­ade organizada, os crimes contra a vida e os crimes contra a administra­ção pública, como corrupção. “Corrupção, criminalid­ade violenta e criminalid­ade organizada estão vinculadas”, afirmou. Moro anunciou ainda que o Ministério da Justiça vai criar dois novos bancos nacionais: um de Perfil Balístico e um Multibiomé­trico. O ministro não deu detalhes dessas iniciativa­s.

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Gil Ferreira/Agência CNJ Ministro voltou a defender pacote anticrime: “Não há condições de um endurecime­nto geral, nossos presídios não comportam aumento acentuado da população carcerária”

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