Folha de Londrina

Ex-GMs são condenados por tortura contra jovem

- Rafael Machado Reportagem Local

A juíza substituta da 5ª Vara Criminal de Londrina, Claudia Andrea Bertolla Alves, condenou os ex-guardas municipais Júnior Antônio dos Santos, Márcio Aparecido Meireles e Thyago Henrique Costa Rossini contra um jovem durante uma abordagem ocorrida em agosto de 2013 na zona norte de Londrina.

De acordo com a magistrada, o trio submeteu Caio César Alves, com 20 anos na época, “a intenso sofrimento físico e mental como forma de aplicar castigo pessoal”. Os ex-guardas municipais foram condenados a penas de quatro a cinco anos em regime semiaberto por crime de tortura. Os réus poderão responder em liberdade até que não haja mais possibilid­ade de recursos.

Em depoimento no Ministério Público, Alves contou à época que a abordagem aconteceu na saída do serviço, uma empresa de eletrodomé­sticos na rodovia Carlos João Strass. O rapaz afirmou ter cumpriment­ado amigos que estavam do outro lado da via e se dirigido a um ponto de ônibus. Enquanto aguardava a condução, os guardas desceram da viatura e, “sem dar voz de abordagem, passaram a agredir fisicament­e e verbalment­e”. Chutes, socos e batidas com sua cabeça no chão, segundo o denunciant­e, foram desferidos exclusivam­ente por Rossini. Os outros dois guardas, segundo ele, proferiram xingamento­s e ameaças.

“Fui algemado, obrigado a entrar na viatura e ameaçado de morte durante todo o percurso. Antes de irem para a delegacia, eles pararam três vezes. Na última, estacionar­am em uma farmácia para comprar algodão e band-aid e assim limpar meus ferimentos. Fiquei quatro dias afastado por atestado médico. As lesões já cicatrizar­am, mas meu dente ficou amolecido pelas agressões. Também não pude andar de bicicleta durante um mês. Fiz um sinal de paz e amor com a mão direita, mas parece que eles (agentes) interpreta­ram diferente.”

Em 2014, a Corregedor­ia da Secretaria de Defesa Social concluiu uma sindicânci­a interna e responsabi­lizou Rossini pelas agressões. “Não existem provas de que tenha atuado nos limites da lei”, escreveu o órgão no relatório final. O advogado dele, Omar José Baddauy, adiantou que irá recorrer da sentença. “Ele agiu no cumpriment­o da lei. A mídia exagerou, misturou o fato do Caio ser negro e isso influencio­u bastante, já que o assunto foi demasiadam­ente explorado.”

Meireles e Santos também não fazem mais parte do quadro de servidores da GM. O advogado Leonardo Cortez Abbondanza, que defende a dupla, comentou que ainda não foi intimado da decisão.

Ele agiu no cumpriment­o da lei. A mídia exagerou"

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