Ex-GMs são condenados por tortura contra jovem
A juíza substituta da 5ª Vara Criminal de Londrina, Claudia Andrea Bertolla Alves, condenou os ex-guardas municipais Júnior Antônio dos Santos, Márcio Aparecido Meireles e Thyago Henrique Costa Rossini contra um jovem durante uma abordagem ocorrida em agosto de 2013 na zona norte de Londrina.
De acordo com a magistrada, o trio submeteu Caio César Alves, com 20 anos na época, “a intenso sofrimento físico e mental como forma de aplicar castigo pessoal”. Os ex-guardas municipais foram condenados a penas de quatro a cinco anos em regime semiaberto por crime de tortura. Os réus poderão responder em liberdade até que não haja mais possibilidade de recursos.
Em depoimento no Ministério Público, Alves contou à época que a abordagem aconteceu na saída do serviço, uma empresa de eletrodomésticos na rodovia Carlos João Strass. O rapaz afirmou ter cumprimentado amigos que estavam do outro lado da via e se dirigido a um ponto de ônibus. Enquanto aguardava a condução, os guardas desceram da viatura e, “sem dar voz de abordagem, passaram a agredir fisicamente e verbalmente”. Chutes, socos e batidas com sua cabeça no chão, segundo o denunciante, foram desferidos exclusivamente por Rossini. Os outros dois guardas, segundo ele, proferiram xingamentos e ameaças.
“Fui algemado, obrigado a entrar na viatura e ameaçado de morte durante todo o percurso. Antes de irem para a delegacia, eles pararam três vezes. Na última, estacionaram em uma farmácia para comprar algodão e band-aid e assim limpar meus ferimentos. Fiquei quatro dias afastado por atestado médico. As lesões já cicatrizaram, mas meu dente ficou amolecido pelas agressões. Também não pude andar de bicicleta durante um mês. Fiz um sinal de paz e amor com a mão direita, mas parece que eles (agentes) interpretaram diferente.”
Em 2014, a Corregedoria da Secretaria de Defesa Social concluiu uma sindicância interna e responsabilizou Rossini pelas agressões. “Não existem provas de que tenha atuado nos limites da lei”, escreveu o órgão no relatório final. O advogado dele, Omar José Baddauy, adiantou que irá recorrer da sentença. “Ele agiu no cumprimento da lei. A mídia exagerou, misturou o fato do Caio ser negro e isso influenciou bastante, já que o assunto foi demasiadamente explorado.”
Meireles e Santos também não fazem mais parte do quadro de servidores da GM. O advogado Leonardo Cortez Abbondanza, que defende a dupla, comentou que ainda não foi intimado da decisão.
Ele agiu no cumprimento da lei. A mídia exagerou"