Serviços entregam compras feitas em lojas virtuais dos EUA
Por meio de redirecionamento, consumidores podem receber encomendas de lojas que não vendem ou entregam no Brasil
Serviços de redirecionamento de encomendas permitem comprar em lojas virtuais dos EUA que não vendem ou fazem entregas no Brasil. Esses serviços possuem endereço físico no País norte-americano, onde recebem as encomendas feitas pelos brasileiros, e fazem o envio para o Brasil. Empresas que realizam esse tipo de serviço já existem há alguns anos, mas companhias tradicionais do setor de transporte e de entregas também começaram a investir nesse segmento, a exemplo da Azul, no ano passado, e do Correios, em janeiro.
Por meio do serviço dos Correios, o Compra Fora, o usuário pode receber compras feitas em lojas virtuais dos EUA em armazéns da empresa nos EUA. O usuário pode escolher o armazém que mais lhe convier - ou o que resultar no frete mais barato - mas, por enquanto, o Correios tem apenas um endereço nos Estados Unidos, em Miami. Quando o pacote chega ao armazém, o usuário deverá fazer o pagamento de todos os impostos e taxas relativos ao pedido.
Logo após o pagamento, o pacote é liberado para envio ao Brasil. Ao chegar aqui, os Correios se encarregam dos documentos de entrada da encomenda no País e entrega o pacote diretamente na casa do cliente. O usuário, porém, é responsável por garantir que o envio do seu pedido não seja proibido por seu conteúdo, tamanho ou volume. Se o pedido não estiver de acordo com as normas de importação no Brasil, a entrada do pacote pode não ser autorizada pela Receita Federal. Para atender aos requisitos do serviço do Correios, o pacote deve ter no máximo 30 kg. As dimensões permitidas estão disponíveis no site (comprafora.correios.com.br).
Para usar o serviço dos Correios, o cliente paga pelo manuseio do pacote nos EUA, pelo armazém credenciado que recebe a encomenda em território norte-americano, pelo frete aéreo para o Brasil, pelo suporte nos trâmites aduaneiros, pela entrega em território brasileiro e pelos impostos referentes à importação. O valor total pode ser simulado na plataforma do serviço, que também permite juntar pacotes de diferentes lojas para economizar no envio e armazená-los nos EUA por mais alguns dias mediante pagamento de taxas extras.
O depósito central da Azul Cargo também fica em Miami. É para lá que os usuários devem enviar os pedidos feitos no e-commerce norteamericano ao usar o serviço de redirecionamento da companhia, o Azul Box. De lá, a encomenda é encaminhada ao Brasil e entregue no endereço do cliente. O valor a ser pago pelo usuário varia de acordo com o preço do produto, do peso e de suas di- mensões e deve ser pago em dólar. O usuário também deverá arcar com as taxas alfandegárias. Uma calculadora disponível no site do serviço (www.azulbox.com.br) faz a simulação dos valores de frete e de impostos.
“Comprar nos EUA é desejo de quase todos os brasileiros, apesar da oscilação do dólar”, comenta Luciana Cantuária Lobo, analista dos Correios. Produtos de maior valor agregado, como roupas de grife e equipamentos de última geração, são exemplos de produtos que os brasileiros desejam comprar do País norte-americano, segundo Lobo. Esse é o motivo, de acordo com ela, para que os Correios resolvessem lançar o serviço de redirecionamento de encomendas. A analista comenta que, como o mercado dos EUA já é muito grande, o e-commerce norteamericano não costuma investir no envio de pedidos a outros países devido aos altos custos de logística. E muitas lojas que entregam no Brasil costumam cobrar mais caro pelo produto por causa dos custos do envio.
A grande variedade e o preço dos produtos são algumas das vantagens de se comprar nos EUA, opina Enio Rabelo, gerente de planejamento de cargas da Azul Cargo Express. “Os e-commerces americanos dispõem de uma quantidade de itens muito superior aos oferecidos no Brasil (exemplo é amazon.com versus amazon.com.br). Além de que alguns produtos são bem mais baratos por lá, mesmo com frete e impostos.”
Conforme Lobo, o objetivo do serviço dos Correios não é concorrer com lojas virtuais norte-americanas que já entregam no Brasil, e sim oferecer uma possibilidade de os brasileiros comprarem em sites que não fazem envios para o País. “O diferencial é que cuidamos do produto de ponta a ponta, desde a chegada nos EUA até a casa das pessoas.” A analista comenta que outros serviços costumam apenas captar a encomenda do cliente nos EUA e depois a despacham no fluxo regular dos Correios no Brasil. Outra vantagem é poder acompanhar o andamento do pedido passo a passo pela plataforma.
“Decidimos entrar no negócio pois acreditamos no ecommerce e queremos oferecer uma opção rápida e de qualidade para os brasileiros receberem em suas casas em qualquer lugar do Brasil, com a confiança da Azul”, argumentou, por sua vez, o gerente de planejamento de cargas da Azul Cargo Express, Enio Rabelo.
De acordo com Lobo, a expectativa é que o serviço dos Correios cresça no mesmo ritmo das compras dos brasileiros nos EUA. O estudo Crossborder, da ebit, mostrou que as compras de brasileiros nos EUA em 2017 atingiram os R$ 2,7 bilhões em sites estrangeiros, com crescimento de 15% em relação a 2016. A ideia é que o serviço também passe a operar em outros países no futuro.