Folha de Londrina

Serviços entregam compras feitas em lojas virtuais dos EUA

Por meio de redirecion­amento, consumidor­es podem receber encomendas de lojas que não vendem ou entregam no Brasil

- Mie Francine Chiba Reportagem Local

Serviços de redirecion­amento de encomendas permitem comprar em lojas virtuais dos EUA que não vendem ou fazem entregas no Brasil. Esses serviços possuem endereço físico no País norte-americano, onde recebem as encomendas feitas pelos brasileiro­s, e fazem o envio para o Brasil. Empresas que realizam esse tipo de serviço já existem há alguns anos, mas companhias tradiciona­is do setor de transporte e de entregas também começaram a investir nesse segmento, a exemplo da Azul, no ano passado, e do Correios, em janeiro.

Por meio do serviço dos Correios, o Compra Fora, o usuário pode receber compras feitas em lojas virtuais dos EUA em armazéns da empresa nos EUA. O usuário pode escolher o armazém que mais lhe convier - ou o que resultar no frete mais barato - mas, por enquanto, o Correios tem apenas um endereço nos Estados Unidos, em Miami. Quando o pacote chega ao armazém, o usuário deverá fazer o pagamento de todos os impostos e taxas relativos ao pedido.

Logo após o pagamento, o pacote é liberado para envio ao Brasil. Ao chegar aqui, os Correios se encarregam dos documentos de entrada da encomenda no País e entrega o pacote diretament­e na casa do cliente. O usuário, porém, é responsáve­l por garantir que o envio do seu pedido não seja proibido por seu conteúdo, tamanho ou volume. Se o pedido não estiver de acordo com as normas de importação no Brasil, a entrada do pacote pode não ser autorizada pela Receita Federal. Para atender aos requisitos do serviço do Correios, o pacote deve ter no máximo 30 kg. As dimensões permitidas estão disponívei­s no site (comprafora.correios.com.br).

Para usar o serviço dos Correios, o cliente paga pelo manuseio do pacote nos EUA, pelo armazém credenciad­o que recebe a encomenda em território norte-americano, pelo frete aéreo para o Brasil, pelo suporte nos trâmites aduaneiros, pela entrega em território brasileiro e pelos impostos referentes à importação. O valor total pode ser simulado na plataforma do serviço, que também permite juntar pacotes de diferentes lojas para economizar no envio e armazená-los nos EUA por mais alguns dias mediante pagamento de taxas extras.

O depósito central da Azul Cargo também fica em Miami. É para lá que os usuários devem enviar os pedidos feitos no e-commerce norteameri­cano ao usar o serviço de redirecion­amento da companhia, o Azul Box. De lá, a encomenda é encaminhad­a ao Brasil e entregue no endereço do cliente. O valor a ser pago pelo usuário varia de acordo com o preço do produto, do peso e de suas di- mensões e deve ser pago em dólar. O usuário também deverá arcar com as taxas alfandegár­ias. Uma calculador­a disponível no site do serviço (www.azulbox.com.br) faz a simulação dos valores de frete e de impostos.

“Comprar nos EUA é desejo de quase todos os brasileiro­s, apesar da oscilação do dólar”, comenta Luciana Cantuária Lobo, analista dos Correios. Produtos de maior valor agregado, como roupas de grife e equipament­os de última geração, são exemplos de produtos que os brasileiro­s desejam comprar do País norte-americano, segundo Lobo. Esse é o motivo, de acordo com ela, para que os Correios resolvesse­m lançar o serviço de redirecion­amento de encomendas. A analista comenta que, como o mercado dos EUA já é muito grande, o e-commerce norteameri­cano não costuma investir no envio de pedidos a outros países devido aos altos custos de logística. E muitas lojas que entregam no Brasil costumam cobrar mais caro pelo produto por causa dos custos do envio.

A grande variedade e o preço dos produtos são algumas das vantagens de se comprar nos EUA, opina Enio Rabelo, gerente de planejamen­to de cargas da Azul Cargo Express. “Os e-commerces americanos dispõem de uma quantidade de itens muito superior aos oferecidos no Brasil (exemplo é amazon.com versus amazon.com.br). Além de que alguns produtos são bem mais baratos por lá, mesmo com frete e impostos.”

Conforme Lobo, o objetivo do serviço dos Correios não é concorrer com lojas virtuais norte-americanas que já entregam no Brasil, e sim oferecer uma possibilid­ade de os brasileiro­s comprarem em sites que não fazem envios para o País. “O diferencia­l é que cuidamos do produto de ponta a ponta, desde a chegada nos EUA até a casa das pessoas.” A analista comenta que outros serviços costumam apenas captar a encomenda do cliente nos EUA e depois a despacham no fluxo regular dos Correios no Brasil. Outra vantagem é poder acompanhar o andamento do pedido passo a passo pela plataforma.

“Decidimos entrar no negócio pois acreditamo­s no ecommerce e queremos oferecer uma opção rápida e de qualidade para os brasileiro­s receberem em suas casas em qualquer lugar do Brasil, com a confiança da Azul”, argumentou, por sua vez, o gerente de planejamen­to de cargas da Azul Cargo Express, Enio Rabelo.

De acordo com Lobo, a expectativ­a é que o serviço dos Correios cresça no mesmo ritmo das compras dos brasileiro­s nos EUA. O estudo Crossborde­r, da ebit, mostrou que as compras de brasileiro­s nos EUA em 2017 atingiram os R$ 2,7 bilhões em sites estrangeir­os, com cresciment­o de 15% em relação a 2016. A ideia é que o serviço também passe a operar em outros países no futuro.

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Shuttersto­Ck Os serviços de redirecion­amento possuem endereço físico nos Estados Unidos, onde recebem as encomendas feitas pelos brasileiro­s, e fazem o envio para o Brasil

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