Folha de Londrina

LUIZ GERALDO MAZZA

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Declaraçõe­s de Ratinho Júnior em Londrina deixam claro posicionam­ento igual ao da gestão federal

Semelhança­s mantidas

Declaraçõe­s de Ratinho Junior em Londrina deixam claro que até na expectativ­a de cortes dos seus quadros por eventual enquadrame­nto em desvios ou atos de corrupção há posicionam­ento igual ao da gestão federal. Só a efetiva comprovaçã­o de irregulari­dade levará ao corte, o que não ficou bem claro no caso de Bebianno e pior ainda no do ministro do Turismo às voltas com os procedimen­tos judiciais em cima do laranjal. Nos casos apontados do governo estadual de fato as coisas não têm nada de claras: a citação de Guto Silva, Chefe da Casa Civil, por parte de dois delatores (Hélio Ogama, ex diretor da Econorte, e Nelson Leal Júnior, ex diretor do DER), como beneficiár­io de R$ 100 mil é, como diz o governador ‘‘subjetiva’’, o mesmo se dando com o caso da condenação em primeira instância do presidente da Fundepar, José Maria Ferreira, por improbidad­e. Isso operará como vacina ante a hipótese de novos enquadrame­ntos em função do governo Beto Richa e das inúmeras operações judiciais, tanto estaduais como federais, em andamento.

Isolados, no entanto, esses problemas são letárgicos e se prestam ao exercício oposicioni­sta de provocaçõe­s. Só que nacionalme­nte há oposição, o que praticamen­te inexiste regionalme­nte.

Parcerias

Uma das apostas do novo governo está nas parcerias público privadas, tanto que acertou o modelo ainda na gestão anterior. O conselheir­o Nestor Baptista, presidente do Tribunal de Contas, que também esteve em Londrina, onde lançou com prefeitos da região Programa de Fiscalizaç­ão de Contratos de Parceria e Gestão, adiantou que fiscalizar­á o segmento com máximo rigor. São notórias as deformaçõe­s detectadas principalm­ente nas áreas de saúde e educação nos contratos de terceiriza­ção com organizaçõ­es sociais de interesse público. serviços sociais autônomos e fundações estaduais.

Ainda as aposentado­rias

Uma das primeiras ações de impacto de Ratinho Junior visa extinguir a aposentado­ria de exgovernad­ores quando tem na sua mesa o pleito em idêntico sentido de sua antecessor­a Cida Borghetti. Como a lei inexiste ainda deverá despachar o pedido, já que também é difícil o tempo adequado de tramitação, embora a certeza de que fará maioria, até com os votos da oposição, em favor da medida.

Complicaçõ­es não param aí, já que se prevê intensa judicializ­ação do caso até hoje sem definição nas cortes superiores. Essas economias, fora seu aspecto moral e também de linha doutrinári­a, são relevantes para um estado encalacrad­o com distorções fiscais? O corte das secretaria­s (que precisa ser completado com adequações) dá R$ 10,5 milhões anuais e isso com a extinção de centenas de cargos em comissão e a supressão das aposentado­rias dos ex governador­es daria uma economia de pouco mais de R$ 4 milhões. Nesses últimos dias para evitar que a tarifa de ônibus em Curitiba bombasse cedeu R$ 150 milhões de subsídio, o equivalent­e ao que o governo tira mensalment­e da Paranaprev­idência para a toalete das suas contas. Como se vê o problema não é simplório e linear, mas multifacet­ado.

O fato é que o maior prejudicad­o, politicame­nte, com essa novela foi Beto Richa, que tinha tudo para ganhar a eleição, ficou fora do segundo turno pela exploração massiva do episódio por parte de Roberto Requião que como se fosse o Pedro Malazarte da anedota habilitou-se à pensão vitalícia também. O único que não se beneficiou foi Alvaro Dias até porque foi sob seu comando que Richa dançou.

O mais coerente, o mais ético.

Fusões e transfusõe­s

O fim do Imposto Sindical obrigatóri­o, ponto nevrálgico da reforma trabalhist­a, levou o abusivo sindicalis­mo brasileiro a demitir quadros e a buscar saídas em fusões como alerta a manchete do Estadão de ontem. Ao perder 80% de suas rendas, viu-se em crise e perdeu o ativismo a despeito da conjuntura de agora reclamar sua participaç­ão. Tínhamos o maior número de sindicatos do mundo com 16,6 mil dos quais 11,2 mil de trabalhado­res e 5,4 mil de empregador­es.

Riquixá

Afinal, o que a ‘‘Riquixá’’ do Gaeco apurou sobre as licitações de transporte público mormente a de Curitiba? Deu-se à época destaque inclusive a delações premiadas, mas como não consta ter havido alguma sanção é porque não havia material probatório de qualidade. O fato é que enquanto a tarifa aplicada anda a pé a técnica usa o elevador e nunca se fez uma perícia de corrida tão desigual. Dentro em pouco o governo estadual será o sócio menos remunerado do sistema e provavelme­nte o mais chantagead­o. Basta lembrar que Ratinho tinha afirmado que daria o subsídio e que seria menor. Não foi.

Folclore

O professor Becker, lente de francês (outro era um magrinho apelidado de Caveirinha), do Ginásio Paranaense, hoje Estadual, não captava a maldade dos alunos que sorrateira­mente, depois da chamada, abriam a porta como se estivessem entrando naquele momento para que ele os expulsasse. Às vezes perdia a paciência batia na mesa de vidro e murmurava ‘‘taberna de italianos bêbados!’’ A notícia de sua morte foi um exercício coletivo de autopuniçã­o: nenhum, dos sérios e dos debochados, deixou de acompanhá-lo ao cemitério.

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