BOLA PRO MATO

Encontrar um atleta que faça brilhar os olhos do torcedor no futebol nacional virou raridade

Quem é o ídolo do seu time? Difícil responder alguém da equipe atual, não é? Cada vez menos os clubes brasileiros conseguem forjar novos ídolos. Com a ida cada vez mais precoce de jogadores para o exterior, encontrar um atleta que faça brilhar os olhos do torcedor no futebol nacional virou raridade.

As mudanças nos elencos são cada vez mais frequentes e impedem a identificação com o jogador, no processo natural que leva o torcedor à condição de fã de um determinado boleiro.

Enquanto por aqui os times vão fazendo seus “catadões” para disputar os campeonatos, na Europa os clubes vão transformando esses jovens em futuros ídolos e arrebanhando simpatizantes pelo mundão de Deus.

Agora, você pega essa falta de identidade com um jogador do seu clube do coração, soma a ela a enxurrada de jogos dos principais campeonatos europeus sendo transmitida por aqui e fecha com as redes sociais que aproximam o torcedor do craque mundial e chegamos ao cúmulo de a geração mais nova se inspirar em jogadores de outros países. Aliás, é cada vez maior o número de moleques com a camisa do Barcelona, Real, PSG, Manchester City...

Em uma pesquisa rápida com oito meninos na faixa dos dez anos de idade de uma escolinha de futebol em Londrina, perguntei quem eram seus ídolos e em quem se inspiravam em suas respectivas posições. Não consegui arrancar de nenhum deles um nome sequer de gente que joga por aqui. Aliás, os nomes brasileiros foram raros.

Claro que os clubes têm culpa neste processo. Não se prepararam para cultivar ídolos e faturar com eles, mas em muitos casos não podem fazer muita coisa. Grande parte dos garotos dessas gerações novas de atletas não cresce mais sonhando em jogar em um Corinthians, em um Palmeiras, Flamengo, Vasco, Cruzeiro, Grêmio. Apenas os enxergam como uma ponte temporária para a Europa. Como mudar isso? Os cartolas que conseguiram afundar o futebol por aqui que respondam.