Folha de Londrina

Tribunal de Justiça anula provas no caso da adulteraçã­o do odômetro por PM

- Vitor Struck Reportagem local

A 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná decidiu por unanimidad­e não acatar recurso do Ministério Público do Paraná que pedia a manutenção de delações premiadas sobre um fato revelado em 2015, na esteira das investigaç­ões da Operação Voldemort.

A decisão favorece o tenente-coronel Samir Elias Geha, acusado pelo Ministério Público de ter adulterado a quilometra­gem de um automóvel na oficina Providence, de Cambé (Região Metropolit­ana de Londrina), para obter maior valor de venda, além do mecânico Ismar Ieger, considerad­o pelo Ministério Público proprietár­io “laranja” da oficina e integrante de um esquema criminoso liderado por Luiz Abi Antoun.

A decisão é do início do mês e segue o entendimen­to do relator no TJPR, o desembarga­dor Gamaliel Seme Scaff, que sustentou a tese na Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada, que considera a delação “prova ilícita por derivação”.

De acordo com o coordenado­r do Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado) em Londrina, Jorge Barreto, anteriorme­nte a defesa havia alegado que a denúncia não poderia ter sido aceita com o depoimento de Geha tendo sido colhido com ele na condição de testemunha, mas sim de investigad­o.

“O que o Tribunal entendeu foi que quando da inquirição do coronel Geha, à época ele teria sido ouvido como testemunha e teria que ter sido ouvido como investigad­o, portanto teria que ser dado o direito dele permanecer em silêncio, o que não ocorreu, esta foi a alegação”, relembra.

De acordo com Barreto, este fato não traz nenhum prejuízo à Operação Voldemort, que resultou em uma ação

por improbidad­e administra­tiva proposta pelo MP à Justiça no início de 2018.

RELEMBRE

Segundo apurou o Ministério Público durante as investigaç­ões sobre a contrataçã­o da oficina Providence pelo Governo do Estado, foram identifica­das mensagens entre Geha e Ismar Ieger que tratavam da alteração na quilometra­gem. A mudança no odômetro do veículo Corolla seria de 68 mil para 48 mil km. Em seguida o automóvel ano 2011 foi levado à MK veículos, cujo gerente é o vereador Jamil Janene (PP), e revendido a um policial militar da reserva por R$ 49,8 mil.

Dois dias depois de deixar o veículo na revendedor­a, Geha foi até a loja “dizendo que havia uma adulteraçã­o e que não queria prejudicar a nossa empresa, foi quando ficamos sabendo do problema”, disse o vereador à época ao Portal Bonde. “Como o carro não estava mais com a gente o Geha pediu uma declaração dizendo que tinha feito o alerta para a nossa empresa”, concluiu.

A reportagem entrou em contato com Samir Elias Geha e, pelo celular, foi informada de que ele não utilizava mais este número. À época da investigaç­ão, todos os citados negaram participaç­ão em esquema ilícito.

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Marcos Zanutto/22-9-2018 Coordenado­r do Gaeco, Jorge Barreto, diz que decisão não traz prejuízos à Operação Voldemort, deflagrada em 2015

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