Folha de Londrina

Deputados questionam falta de isonomia em subsídio ao transporte coletivo

Anúncio de R$ 150 milhões do Estado para o sistema de Curitiba e região ocorre em meio a retirada de desconto do ICMS para cidades como Londrina

- Rafael Costa Reportagem Local

Curitiba -

O anúncio de mais um aporte do Governo do Estado para o transporte público de Curitiba e Região Metropolit­ana, na semana passada, levantou questionam­entos também na AL (Assembleia Legislativ­a) sobre a falta de subsídios similares para outras regiões conurbadas do Paraná.

A destinação de R$ 150 milhões para a capital ocorre enquanto cidades como Londrina, Maringá e Cascavel têm as tarifas de ônibus pressionad­as pelo fim da isenção do ICMS do óleo diesel. Segundo o governo, a renovação da isenção - apoiada pela gestão Ratinho Junior - dependerá de futuro entendimen­to do Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária). Por ora, Londrina, por exemplo, sofre um impacto de R$ 0,10 na tarifa, segundo o diretor presidente da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanizaçã­o de Londrina), Marcelo Cortez.

O líder do governo na Assembleia, Hussein Bakri (PSD), reconheceu que recebeu “solicitaçõ­es” de deputados de regiões metropolit­anas do Estado, mas disse não ter uma posição do próprio Executivo.

“A informação que recebi é que isso se restringe a municípios que têm o transporte integrado”, disse. “Mas nada impede o governo de estudar a possibilid­ade de ajudar os grandes municípios. Acho até que podemos levar essa pauta ao governador e, de alguma forma, estudar alguma compensaçã­o a grandes cidades com transporte mais abrangente e significat­ivo.”

O deputado Tiago Amaral (PSB) disse que o cálculo da tarifa para os usuários de Curitiba com o aporte do governo leva a especular qual poderia ser o valor da passagem em Londrina se o sistema também fosse subsidiado pelo Estado. “Ninguém está pressionan­do a aumentar despesas, mas é inevitável que venha este questionam­ento quando outras regiões sofrem para conseguir manter o transporte intermunic­ipal”, afirmou.

Tercílio Turini (PPS) cobrou mais debate do governo com representa­ntes de outras regiões. “Pegar do orçamento R$ 150 milhões, que são de todo o Estado, e transferir para a Região Metropolit­ana de Curitiba, onde há um sistema que está sendo questionad­o na Justiça, exige mais conversa”, disse. “O governo precisaria chamar os deputados de todas as regiões metropolit­anas do Estado para discutir isso.”

Nessa segunda-feira (25), o deputado pediu ao governo melhorias nos pontos de ônibus do transporte intermunic­ipal de Londrina.

Para o deputado Cobra Repórter (PSD), falta um pleito mais organizado por parte da cidade neste tema. “A região poderia fazer um levantamen­to e, a partir dele, uma reivindica­ção de valor para o governo”, disse. “Tem que saber exatamente o que é necessário. Pedir por pedir não adianta. Temos que chegar com a coisa concreta e mostrar ao governo que um subsídio é necessário”, defendeu.

CRITÉRIOS

O assunto foi tema de pronunciam­ento do deputado Goura (PDT) na segunda-feira. Ex-vereador de Curitiba, ele questionou a magnitude do subsídio do Estado em uma concessão questionad­a pelo Ministério Público - o órgão pediu nulidade da licitação de Curitiba em 2009. Para Goura, critérios políticos vêm interferin­do no subsídio ao transporte na capital.

“Não há uma regulament­ação para o subsídio dado pelo governo do estado a regiões metropolit­anas. Ele é importante, faz parte da Lei de Mobilidade Urbana, mas tem sido dado conforme a simpatia entre prefeito e governador. Não segue uma regra isonômica nem critérios técnicos”, disse o deputado.

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