Folha de Londrina

Dinheiro e poder se tornaram um vício, diz Cabral ao justificar propinas

- Italo Nogueira Folhapress

Rio de Janeiro

- O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (MDB) afirmou nessa terça-feira que pediu propina por apego a poder e dinheiro, o que para ele se tornou um vício. O emedebista disse que decidiu confessar a cobrança de propina em respeito à sua família e o sentido histórico dos processos a que responde. “Em nome da minha mulher, da minha família e da história, decidi falar a verdade. Hoje sou um homem muito mais aliviado”, disse ele ao juiz Marcelo Bretas.

Cabral é interrogad­o, a pedido de sua defesa, na ação penal da Operação Fatura Exposta, que investiga o pagamento de propina no setor de saúde. Neste caso, ele foi denunciado sob acusação de ter recebido R$ 16 milhões.

O emedebista decidiu confessar ter recebido propina após passar mais de dois anos negando ter solicitado suborno. Antes, a tese defensiva era de que ele usara em benefício próprio sobras de caixa dois de campanha eleitoral.

Cabral disse a Bretas que acertou uma cobrança de 5% de propina sobre contratos de serviços na Secretaria de Saúde junto com o ex-secretário Sérgio Côrtes, dos quais 3% ficaria com ele e 2% com seu subordinad­o.

“Ao anunciá-lo , eu cometi a primeira ação grave e totalmente descabida para um chefe de estado. Eu o apresentei a um empresário, que era o Arthur Soares, que na ocasião já liderava a gestão de serviços. Fiz questão de dizer 3% para mim e 2% para você em relação aos serviços da área de saúde. Esse meu erro de postura, de apego a poder, dinheiro, a tudo isso... É um vício”, disse ele.

Cabral confirmou ainda ser dono dos cerca de R$ 300 milhões entregues pelos doleiros Renato e Marcelo Chebar. Negou, contudo, ter arrecadado R$ 16 milhões como acusado neste caso pelo MPF.

O ex-governador afirmou também que o ex-governador Luiz Fernando Pezão (MDB), preso desde dezembro, também recebia propina. Envolveu ainda outros ex-secretário­s que já foram alvos de investigaç­ões, como Régis Fichtner (Casa Civil) e Wilson Carlos (Governo). Eles negam.

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