Campanha de fidelização envolve complexa organização
São Paulo - As montadoras solicitaram ao governo brasileiro que renegocie o acordo automotivo com o México e estenda o regime de cotas para exportação e importação de automóveis por mais três anos. O tratado atual prevê o livre comércio de carros e autopeças entre Brasil e México a partir do dia 19 de março. Ônibus e caminhões não estão incluídos.
Na semana passada, representantes das montadoras expuseram o pleito do setor durante reunião em Brasília com Marcos Troyo, secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, pasta comandada por Paulo Guedes. Eles apresentaram um estudo feito pela consultoria Pwc, que aponta que é mais barato produzir carros no México do que no Brasil. O diferencial competitivo é provocado pela carga tributária, pela infraestrutura e pela escala. Os mexicanos têm grande volume de produção, porque exportam para os Estados Unidos.
A proposta das montadoras é aumentar a cota para exportação e importação de carros entre Brasil e México em 10% a 15% no primeiro ano de vigência de um eventual novo tratado. A cota continuaria crescendo nos dos anos seguintes até o livre comércio. Hoje o limite está em US$ 1,7 bilhão por ano e é dividido entre as empresas. Algumas montadoras já estão no teto do que podem importar do México, mas longe de alcançar sua cota de exportação do Brasil para lá.
O setor automotivo atravessa uma crise global e operações brasileiras dão sinais de que a busca por readequação do setor chegou ao Brasil. Na avaliação de executivos de montadoras instaladas no Brasil, o livre comércio com o México neste momento tende a aprofundar as perdas financeiras aqui e até acelerar a transferência de investimentos para outros polos automotivos no mundo.
“Se abrir o mercado neste momento, pode ocorrer um desvio de investimentos. Ao invés de investir no Brasil, as empresas vão levar projetos para o México”, disse Antonio Megale, presidente da Anfavea, associação que reúne as montadoras. Procurado pela reportagem, Troyo não comentou o assunto.