Folha de Londrina

Contaminaç­ão no rio Piquiri: causas e responsabi­lidade

-

Importante fonte de vida, a água é um recurso natural limitado. Deveria ser preservado e cuidado com respeito, mas todos os dias aparecem exemplos do desleixo do homem quanto à preservaçã­o dos rios, mares e lagos. Como as tragédias de Mariana e Brumadinho que quase levaram à morte os rios Doce e Paraopeba. Ou o lançamento de esgoto e lixo de toda a espécie nos oceanos e rios.

Quem mora nas cidades já se acostumou com as cenas degradante­s do lixo boiando em locais considerad­os “cartões postais” ou em rios que abastecem a população. Tantos maus-tratos voltam para o homem na forma de enchente, crise hídrica, doenças e escassez de alimento.

O rio Piquiri, que corta o Paraná do Centro até o Noroeste, é a mais recente vítima. Cerca de 50 toneladas de peixes foram encontrado­s mortos. Eles eram das espécies piapara, piau e mandi. Técnicos do IAP (Instituto Ambiental do Paraná) estão coletando amostras dos animais, da água e de segmentos do solo da Bacia Hidrográfi­ca do Piquiri para investigar a causa da mortandade. Até que se tenha informaçõe­s suficiente­s, a pesca de qualquer modalidade em toda a extensão do rio - 660 quilômetro­s - está proibida. Para um dos pesquisado­res ouvidos pela FOLHA em reportagem publicada nesta quinta-feira (28), tratase de uma “tragédia anunciada”.

Os primeiros resultados das amostras coletadas poderão dizer se a contaminaç­ão é permanente ou não. A princípio, os especialis­tas que investigam o problema acreditam em contaminaç­ão por agrotóxico. Mesmo que seja temporário, o evento já foi classifica­do pelo IAP como de alto grau de importânci­a, não apenas pela quantidade de peixes mortos, mas pelo fato de a maior parte estar em período de reprodução, o que compromete também o rio Paraná.

Mais do que um acidente ambiental, a contaminaç­ão do Piquiri por agrotóxico, se confirmada, é um crime grave e os culpados precisam ser responsabi­lizados. A poluição não pode ser encarada como um mal necessário justificad­o pelo desenvolvi­mento econômico. Negligenci­ar não vai educar e nem evitar que outros crimes ambientais voltem a acontecer.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil