Folha de Londrina

PF abre inquérito sobre laranjas ligados a ministro

MP entrega à polícia depoimento­s de pessoas ouvidas sobre o esquema envolvendo chefe da pasta do Turismo, além de documentos

- Camila Mattoso e Ranier Bragon Folhapress

Brasília

- A Polícia Federal instaurou nessa quarta-feira (27) um inquérito para investigar o esquema de candidatas laranjas do PSL de Minas vinculadas a Marcelo Álvaro Antônio, ministro do Turismo. O Ministério Público entregou à polícia nesta quarta depoimento­s de pessoas ouvidas sobre o esquema, além de documentos.

Os casos dos laranjas foram revelados pela Folha de S.Paulo.

O promotor de Minas Fernando Ferreira Abreu realizou oitivas desde a semana passada. A polícia vai, a partir de agora, conduzir a investigaç­ão, dando as diretrizes ao trabalho. O ministro do Turismo deve ser ouvido, segundo os investigad­ores. Na última sexta (22), a Folha de S.Paulo noticiou que a PF havia decidido investigar o caso.

O escândalo dos laranjas do PSL levou à queda de Gustavo Bebianno do cargo de ministro da Secretaria-Geral da Presidênci­a e deixou o ministro do Turismo em situação delicada. Integrante­s do PSL passaram a defender a demissão do ministro.

As autoridade­s de Minas iniciaram a investigaç­ão no caso após o jornal mostrar no dia 4 de fevereiro que o ministro do Turismo, deputado federal mais votado em Minas, patrocinou um esquema de quatro candidatur­as de laranjas, todas abastecida­s com verba pública do PSL. Álvaro Antônio era presidente do PSL em Minas e tinha o poder de decidir quais candidatur­as seriam lançadas. As quatro candidatas laranjas receberam R$ 279 mil da verba pública de campanha da legenda, ficando entre as 20 que mais receberam dinheiro do partido no país inteiro.

Desse montante, pelo menos R$ 85 mil foram destinados a quatro empresas que são de assessores, parentes ou sócios de assessores do hoje ministro de Bolsonaro. Ele nega irregulari­dades.

Não há sinais de que essas candidatas tenham feito campanha efetiva durante a eleição. Ao final, juntas, somaram apenas cerca de 2.000 votos, apesar do montante recebido para a campanha.

A Folha de S.Paulo mostrou também que uma outra candidata em Minas disse ter havido um esquema de lavagem de dinheiro público pelo PSL no estado.

Segundo essa candidata, Cleuzenir Barbosa, o agora ministro do governo Bolsonaro sabia de toda a operação.

Mensagens de celular dela, publicadas pelo jornal, também contradize­m a versão de Álvaro Antônio e revelam cobrança para desvio de verba eleitoral. Ela diz não ter aceitado entrar no esquema.

O advogado e os contadores que assinam formalment­e na Justiça Eleitoral a prestação de contas das quatro candidatas­laranjas do PSL de Minas afirmaram à Folha de S.Paulo que assumiram as tarefas a mando da direção estadual da sigla, na época comandada pelo hoje ministro do Turismo.

As quatro candidatas tiveram a prestação assinada pelo mesmo advogado que Álvaro Antônio e por contadores que trabalhara­m no mesmo escritório. Dos 25 candidatos mais votados do PSL mineiro, apenas o ministro e seu suplente contaram com os serviços desses profission­ais.

 ?? Douglas Magno/O Tempo/Estadão Conteúdo ?? Segundo os investigad­ores, ministro Marcelo Álvaro Antônio (PSL), que nega participaç­ão no esquema, deve ser ouvido
Douglas Magno/O Tempo/Estadão Conteúdo Segundo os investigad­ores, ministro Marcelo Álvaro Antônio (PSL), que nega participaç­ão no esquema, deve ser ouvido

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil