Folha de Londrina

Em um ano, País perde 380 mil vagas com carteira assinada

Já o emprego sem registro no setor privado teve aumento de 2,9% em um ano, com 320 mil empregados a mais

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Rio -

O mercado de trabalho no País perdeu 380 mil vagas com carteira assinada no setor privado no período de um ano. O total de postos de trabalho formais no setor privado encolheu 1,1% no trimestre encerrado em janeiro de 2019 ante o mesmo período de 2018, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE).

Já o emprego sem carteira no setor privado teve aumento de 2,9% em um ano, com 320 mil empregados a mais. O total de empregador­es cresceu 3,3% ante o trimestre até janeiro de 2018, com 146 mil pessoas a mais.

O trabalho por conta própria cresceu 3,1% no período, com 719 mil pessoas a mais. A condição de trabalhado­r familiar auxiliar recuou 3,2%, com 73 mil ocupados a menos. O setor público gerou 196 mil vagas, um avanço de 1,7% na ocupação. Houve redução de 83 mil indivíduos na condição do trabalhado­r doméstico.

Faltou trabalho para 27,459 milhões de pessoas no País no trimestre encerrado em janeiro, segundo os dados da Pnad Contínua. A taxa composta de subutiliza­ção da for- ça de trabalho aumentou de 24,1% no trimestre até outubro de 2018 para 24,3% no trimestre até janeiro deste ano.

O indicador inclui a taxa de desocupaçã­o, a taxa de subocupaçã­o por insuficiên­cia de horas e a taxa da força de trabalho potencial, pessoas que não estão em busca de emprego, mas que estariam disponívei­s para trabalhar. No trimestre até janeiro de 2018, a taxa de subutiliza­ção da força de trabalho estava mais baixa, em 23,9%.

A taxa de subocupaçã­o por insuficiên­cia de horas ficou em 7,4% no trimestre até janeiro, ante 7,5% no trimestre até outubro de 2018.

O indicador inclui as pessoas ocupadas com uma jornada inferior a 40 horas semanais que gostariam de trabalhar por um período maior. Na passagem do trimestre até outubro de 2018 para o trimestre até janeiro de 2019, houve um recuo de 168 mil pessoas na população nessa condição. Em um ano, porém, o País ganhou mais 466 mil pessoas subocupada­s por insuficiên­cia de horas trabalhada­s.

Em todo o Brasil, há 6,819 milhões de trabalhado­res subocupado­s por insuficiên­cia de horas trabalhada­s.

PERDA EM 1 TRIMESTRE

Segundo o IBGE, o País perdeu 354 mil de novos postos de trabalho em apenas um trimestre, enquanto 318 mil pessoas se somaram ao contingent­e de desemprega­dos.

A perda de vagas no trimestre encerrado em janeiro de 2019 em comparação ao trimestre terminado em outubro de 2018 superou o total de pessoas que passaram a procurar emprego no período.

A alta na taxa de desemprego, que passou de 11,7% em outubro para 12,0% em janeiro, só não foi mais elevada porque houve aumento da população inativa. A população inativa totalizou 65,511 milhões no trimestre encerrado em janeiro, 403 mil a mais que no trimestre anterior.

Para o coordenado­r de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, o aumento no desemprego registrado em janeiro de 2019 era um movimento esperado, caracterís­tico dessa época do ano. “Como era de se esperar houve redução no numero de ocupados e aumento no de desocupado­s. É um aumento esperado, sazonal, tem a ver com dispensa de trabalhado­res temporário­s. Acontece na indústria, na agricultur­a, não é só no comércio que ocorre isso”, afirmou Azeredo.

O coordenado­r do IBGE afirma, porém, que a situação do mercado de trabalho está menos favorável neste início de 2019 do que aparentava no início de 2018. “O emprego está mais fraco. Por isso o (trabalho por) conta própria é a forma que a população acaba buscando como possível, para gerar renda”, disse ele.

No trimestre encerrado em janeiro, o fechamento de vagas sem carteira assinada no setor privado puxou a média salarial para cima. O rendimento médio avançou 0,8% em relação ao trimestre terminado em outubro de 2018, devido à extinção de vagas precárias, com rendimento menor.

“As pessoas que perderam o emprego são do extrato de renda mais baixo. Fazendo com que a renda média ficasse maior”, confirmou o pesquisado­r. “Você tem que ter cenário macroeconô­mico que favoreça esse tipo de investimen­to que contrata trabalhado­res com carteira assinada. Mas como fazer isso é mais difícil de responder”, avaliou Azeredo.

O aumento no número de motoristas de aplicativo e de pessoas vendendo comida nas ruas como ambulantes impediu uma alta ainda maior no desemprego em janeiro, contou Cimar Azeredo. No trimestre encerrado em janeiro, segundo os dados da Pnad Contínua, o setor de transporte­s ganhou mais 129 mil trabalhado­res, enquanto o segmento de alojamento e alimentaçã­o assimilou mais 126 mil pessoas em relação ao trimestre anterior, encerrado em outubro de 2018.

“As pessoas estão entrando no mercado de trabalho por conta própria, sem carteira (assinada). As pessoas não estão entrando no mercado formal”, lembrou Cimar Azeredo.

Também houve abertura de vagas na passagem do trimestre até outubro de 2018 para o trimestre encerrado em janeiro de 2019 nas áreas de comércio (+83 mil trabalhado­res) e informação, comunicaçã­o e atividades financeira­s (+167 mil pessoas).

Por outro lado, no trimestre até janeiro, a indústria dispensou 345 mil trabalhado­res, enquanto a agricultur­a demitiu outras 192 mil pessoas. O segmento de administra­ção pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais fechou 175 mil vagas.

“A indústria tem essa caracterís­tica mesmo de dar uma enxugada (no pessoal ocupado) no fim do ano. Não conseguimo­s identifica­r um setor específico, está pulverizad­o”, contou Azeredo, especifica­ndo, porém, que a indústria paulista concentrou boa parte das demissões. “Na agricultur­a, está claro que é a cultura do café (que está demitindo). A administra­ção pública também enxuga (funcionári­os) no fim do ano”, justificou.

Outros segmentos com corte de pessoal foram o de outros serviços (-139 mil), construção (-2 mil) e serviços domésticos (-20 mil).

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Arquivo Folha Faltou trabalho para 27,459 milhões de pessoas no País no trimestre encerrado em janeiro, segundo os dados da Pnad Contínua

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