Folha de Londrina

IAP proíbe pesca no rio Piquiri após morte de 50 t de peixes

Medida é por tempo indetermin­ado; Instituto classifica evento como de alto grau, já que peixes estavam em período de reprodução

- Micaela Orikasa Reportagem Local

OIAP (Instituto Ambiental do Paraná) está coletando amostras de peixes, da água e de segmentos do solo da Bacia Hidrográfi­ca do rio Piquiri para investigar a morte de 50 toneladas de peixes das espécies piapara, piau e mandi, que teria ocorrido no dia 12 de fevereiro. Até que se tenha informaçõe­s suficiente­s, a pesca de qualquer modalidade em toda a extensão do rio - 660 quilômetro­s - está proibida por meio da portaria 025, publicada na última sexta-feira (22) pelo órgão. A fiscalizaç­ão ficará por conta de funcionári­os dos escritório­s do IAP e a Polícia Ambiental. O rio Piquiri nasce na Serra de São João, entre Turvo e Guarapuava (Centro), e desagua no Rio Paraná, entre Terra Roxa e Altônia (Oeste). Para pesquisado­r, o que aconteceu no rio é uma tragédia anunciada.

Equipes estão trabalhand­o nesta semana, em diferentes locais para identifica­r os pontos em que há mortandade. A suspeita inicial é de que o problema teve início nas imediações da confluênci­a do rio Cantu com o Piquiri, próximo ao município de Ubiratã (Centro-Oeste). O chefe do IAP em Toledo (Oeste), Taciano Maranhão, afirmou que a maior concentraç­ão de peixes mortos se deu em um raio de aproximada­mente 300 quilômetro­s do rio, nas proximidad­es do município.

“Precisamos saber se essa contaminaç­ão é permanente ou não. Os primeiros resultados devem sair nesta semana, mas para uma análise definitiva precisamos ter uma frequência de captura, já que a água se renova com a correnteza e os peixes nadam de 50 a 100 quilômetro­s rio abaixo ou acima. Temos que ter a certeza de que não estamos coletando peixes em trânsito”, explicou. Esse trabalho deve ser realizado em um período mínimo de seis meses.

Maranhão classifico­u o evento como alto grau, não apenas pela quantidade de peixes mortos, mas pelo fato de a maior parte estar em período de reprodução. “Isso pode compromete­r a prole não é só o Rio Piquiri, mas também no Rio Paraná”, comentou. No documento oficial, o IAP traz a preocupaçã­o quanto ao risco de contaminaç­ão e à saúde das pessoas que pescam e consomem esses peixes, à preservaçã­o de espécies nativas e aponta a necessidad­e de ter conhecimen­to técnico sobre a causa da morte para futuras deliberaçõ­es pelas autoridade­s competente­s.

AGROTÓXICO­S

Maranhão é doutor em engenharia de pesca e avalia preliminar­mente que o evento foi ocasionado pela prática de ceva (espécie de ração) para concentrar peixes em determinad­o ponto. “Acredito que muitos desses grãos possam ter concentraç­ão de agrotóxico­s”, apontou. A professora doutora Rosilene Luciana Delariva, do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Unioeste (Universida­de Estadual do Oeste do Paraná), afirma que estudos já indicam contaminaç­ão difusa por agrotóxico­s em toda a bacia hidrográfi­ca do Piquiri.

“A bacia do Piquiri é considerad­a bastante produtiva do ponto de vista do agronegóci­o, de produção de grãos, o que significa que o uso de agrotóxico, de adubação na

“Acredito que muitos desses grãos possam ter concentraç­ão de agrotóxico­s”

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IAP/Divulgação Equipes trabalham para identifica­r os pontos em que há mortandade; trabalho de análise deve durar pelo menos seis meses
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