Folha de Londrina

BARGANHA

- Paulo Saldaña Folhapress

Líderes do Centrão querem condiciona­r aprovação de pacote de Moro à votação de projeto que endurece lei de abuso de autoridade

Brasília

- Após pressão nas redes sociais de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PSL), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, revogou a nomeação da especialis­ta em segurança pública Ilona Szabó de Carvalho como membro suplente do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciá­ria.

Em nota, o ministério afirma que o recuo é por causa das críticas recebidas. “Diante da repercussã­o negativa em alguns segmentos, optou-se por revogar a nomeação, o que foi previament­e comunicado à nomeada e a quem o Ministério respeitosa­mente apresenta escusas”, diz a nota.

Especialis­ta em segurança pública e colunista da Folha de S.Paulo, Szabó tem mestrado em Estudos de Conflito e Paz pela Universida­de de Uppsala, na Suécia, e é cofundador­a e diretora-executiva do Instituto Igarapé, que produz pesquisas sobre segurança, justiça e desenvolvi­mento. Ela havia sido recebida na quarta-feira (27) pelo próprio Moro.

Mesmo ao recuar da indicação, a pasta defendeu a nomeação de Szabó para o órgão. “A escolha foi motivada pelos relevantes conhecimen­tos da nomeada na área de segurança pública e igualmente pela notoriedad­e e qualidade dos serviços prestados pelo Instituto Igarapé”, cita a nota.

Após a decisão, o diretorpre­sidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, pediu exoneração da vaga que ocupa no conselho “em caráter irrevogáve­l e em solidaried­ade” a Ilona, que, segundo ele, “foi colocada em uma situação constrange­dora”.

A especialis­ta é contrária ao afrouxamen­to das regras de acesso a armas, política do governo Bolsonaro. Também já criticou em artigo o pacote anticrime de Moro ao considerar preocupant­e, entre outras coisas, as medidas que tendem a ampliar o direito à legítima defesa.

A escolha havia sido um dos assuntos mais comentados no Twitter nesta quarta, sobretudo pela ação de militantes pró-Bolsonaro. Críticos da nomeação promoveram no Twitter a hashtag #Ilonanão.

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