Folha de Londrina

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Ex-diretor da Dersa, Paulo Preto foi acusado pelo MPF de ter fraudado licitações e participad­o de formação de cartel em obras viárias

- LUIZ GERALDO MAZZA

São Paulo - O ex-diretor da Dersa (estatal paulista de rodovias) Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, foi condenado nessa quinta-feira (28) a uma pena de 27 anos e oito dias, sendo os oito primeiros anos em regime fechado.

Suspeito de ser operador do PSDB, é a primeira vez que Paulo Preto é condenado na Lava Jato.

Ele foi acusado pelo Ministério Público Federal em São Paulo de ter fraudado licitações e participad­o de formação de cartel em obras do trecho sul do Rodoanel e do Sistema Viário Metropolit­ano de São Paulo.

De acordo com a denúncia apresentad­a em agosto passado, enquanto era diretor de Engenharia da Dersa, entre 2007 e 2010, no governo José Serra (PSDB), Paulo Preto se reuniu com os empresário­s para combinar quem venceria as licitações das obras.

A sentença dessa quinta foi dada pela juíza Maria Isabel do Prado, da 5ª Vara Criminal de São Paulo, um dia após a defesa do ex-diretor apresentar suas alegações finais ao tribunal. Paulo Vieira de Souza também é réu em outro processo que tramita em São Paulo, a respeito de desvios de R$ 7,7 milhões em reassentam­entos do Rodoanel Sul. No entanto, como completa 70 anos no próximo dia 7, as acusações devem prescrever, já que nessa idade o tempo para que um possível crime caduque se reduz à metade

O processo do reassentam­ento já estava em fase final, mas a tramitação ficou mais lenta após uma decisão do ministro Gilmar Mendes, relator de liminares do caso no STF (Supremo Tribunal Federal).

Outras 32 pessoas também foram denunciada­s pela Procurador­ia, 24 delas por ambos os crimes e oito apenas por formação de cartel, mas o processo foi dividido em vários. Paulo Preto é o primeiro condenado.

DELATORES

As acusações tiveram como principal base dois acordos de leniência da Odebrecht com o Cade (Conselho Administra­tivo de Defesa Econômica). Oito executivos da construtor­a delataram o caso em 2017.

Também foram usados como prova acordo da construtor­a Carioca homologado pela Justiça Federal de São Paulo e depoimento de dois executivos da Queiroz Galvão - que também foram denunciado­s como réus colaborado­res e devem ter redução de pena caso sejam condenados.

A denúncia usa depoimento­s de delatores que afirmam que, ao virar diretor da Dersa em 2007, Paulo Preto se reunia com dirigentes das empresas e distribuía previament­e obras do sistema viário. Dois deles afirmaram que o ex-diretor chegou a dizer: “O mercado é um problema. Eu o administro. Eu tomo conta do mercado.”

Paulo Preto está preso desde o último dia 19, na 60ª fase da Lava Jato de Curitiba, sob suspeita de operar propinas para a Odebrecht. Procurado via assessoria, o advogado de Paulo Preto, José Roberto Santoro, não se manifestou. O ex-diretor sempre negou as acusações.

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Geraldo Magella/Agência Senado É a primeira vez que Paulo Preto é condenado na Lava Jato; ele está preso em Curitiba desde o dia 19

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