Folha de Londrina

Para Lava Jato, Cabral ainda tenta proteger mulher e esconder bens

- Ítalo Nogueira Folhapress

Rio de Janeiro -

O depoimento de duas horas e meia ao Ministério Público Federal na última quinta-feira (21) já chegava à metade quando o ex-governador Sérgio Cabral (MDB), preso há mais de dois anos, quis deixar claro o seu novo espírito ao procurador Sérgio Pinel, membro da força-tarefa da Lava Jato. “Dr. Sérgio, eu quero colaborar com vocês. Quero ser parceiro do Ministério Público”, disse.

Pinel achou por bem expor a visão da Procurador­ia sobre o novo comportame­nto do réu de 29 ações penais e condenado a quase 200 anos de prisão por corrupção no governo do Rio de Janeiro. “Nem por hipótese esse depoimento significa qualquer tipo de tratativa . A lei já tem previsão para quem confessa. A confissão tem que ser irrestrita do objeto da investigaç­ão. É diferente da colaboraçã­o, em que ele deve colaborar não só sobre aquele fato investigad­o, mas mesmo sobre aqueles que o órgão investigad­or sequer tem conhecimen­to”, afirmou o procurador.

A fala reflete a desconfian­ça com que a força-tarefa da Lava Jato fluminense vê a decisão de Cabral em confessar seus crimes. Procurador­es suspeitam de que o ex-governador assume fatos que já lhe são imputados, adicionand­o alguns detalhes, para proteger a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo e ocultar bens acumulados e ainda não localizado­s pelos investigad­ores.

Desde que foi preso sob acusação de cobrar 5% de propina nos grandes contratos do estado, há dois anos e três meses, o ex-governador vinha negando ter cobrado suborno a empresário­s. A defesa de Cabral afirmou que não iria se pronunciar sobre o caso.

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