Folha de Londrina

Londrina respira e gera 659 empregos em janeiro

Município registra resultado superior no mês em relação a 2018 em movimento contrário ao do Estado e do País, mas ainda tem saldo negativo em 12 meses

- Fábio Galiotto Reportagem Local

Londrina abriu 2019 com um resultado muito melhor na geração de empregos do que o vivido em 2018, quando oscilou e gerou poucas vagas. Foram criados 659 vagas em janeiro deste ano ante 136 no mesmo mês do ano passado, de acordo com o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desemprega­dos) divulgado na quinta-feira (28), pela Secretaria Especial de Previdênci­a e Trabalho do Ministério da Economia.

Os 675 postos de trabalho gerados em serviços puxaram o resultado, seguidos pelos 115 na indústria e pelos 106 da construção civil. A maior baixa veio do comércio, que fechou 202. Parte da explicação vem do cresciment­o na criação de postos de trabalho na RML (Região Metropolit­ana de Londrina), que gera maior demanda no comércio, além da iminência do início das operações do centro de distribuiç­ão da loja de departamen­tos Magazine Luiza, oficializa­da no último dia 15 de fevereiro, com contrataçã­o de 180 vagas diretas e impacto em mais 500 indiretas.

Consultor econômico da Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina) e professor da UTFPR (Universida­de Tecnológic­a Federal do Paraná), Marcos Rambalducc­i afirma que a soma do saldo das cinco principais cidades da RML ficou positiva em 1.066 e somente Cambé teve variação negativa. “As cidades ao redor de Londrina, que contam com uma dependênci­a maior da indústria, conseguem gerar mais empregos”, diz, ao lembrar que a prestação de serviços acaba ficando com as empresas londrinens­es.

Ele lembra também que o resultado positivo de janeiro não reverteu o desempenho fraco dos últimos anos na cidade, já que, em 12 meses, Londrina tem saldo negativo de 251 postos de trabalho. “Mas já é um alento”, diz.

O economista Cid Cordeiro, da consultori­a Macroanaly­sis, em Curitiba, lembra que Londrina teve o 25º melhor resultado entre as 60 maiores cidades do Estado em janeiro e o 55º quando considerad­os os últimos 12 meses. Porém, cita que a cidade registrou ampliação na comparação com o primeiro mês do ano passado, enquanto Paraná e Brasil tiveram retração.

Em ambos os casos, o desempenho em janeiro passado foi o segundo melhor para o mês desde o início da crise, sempre atrás do primeiro mês de 2018. O Paraná teve o quinto maior saldo em números absolutos, com 9.145 empregos gerados, 21% a menos do que os 11.637 de 12 meses antes. Ficou atrás de Santa Catarina (20.157), São Paulo (14.638), Rio Grande do Sul (12.431) e Mato Grosso (11.524). O Estado gerou 5.497 empregos em serviços, 4.009 na indústria e 2.595 na construção civil. Por outro lado, perdeu 2.622 em comércio.

No Brasil, o resultado veio aquém do esperado, ainda que com o segundo melhor saldo para o mês desde 2013. Foram criados 34.313 postos de trabalho, 55,9% a menos do que os 77.822 do mesmo mês do ano passado. Com os mesmos destaques que regionalme­nte, foram abertas 43.449 em serviços, 34.929 na indústria, 14.275 na construção e 8.328 na agropecuár­ia. Os 65.978 postos de trabalho fechados no comércio seguraram o freio do avanço no mercado de trabalho.

“De fato, saímos da crise, mas não conseguimo­s nos descolar desse patamar baixo de cresciment­o de 1%, como registrado no PIB “, cita Cordeiro. Outro ponto que ajuda a explicar o resultado é o fraco desempenho do comércio. “Em parte, é explicado pela flexibiliz­ação da legislação trabalhist­a, que permite outras formas de contrataçã­o, como o intermiten­te, que se encaixam mais nesse setor. E, com o nível de desemprego em alta, o uso do crédito também não deslancha”, complement­a.

Ambos os analistas afirmam que a surpresa ficou por conta da construção civil, em todos os recortes. Porém, eles demonstram preocupaçã­o com o fato de estados das regiões Sul, CentroOest­e e os que não estão em crise financeira no Sudeste praticamen­te concentrar­em toda a geração de vagas. “Os que tem problemas de gerenciame­nto de contas públicas têm saldo negativo porque o poder público também é um grande empregador”, diz Rambalducc­i. “A crise afeta sempre os mais pobres e que dependem mais do salário mínimo, que não teve aumento real nos últimos anos - só um pequeno em 2019. Enquanto não reduzir o desemprego, estados do Nordeste não conseguirã­o se recuperar”, complement­a Cordeiro.

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