Folha de Londrina

Procon fecha lojas de startup de venda de carros

- Luís Fernando Wiltemburg Reportagem Local

OProcon-LD (Núcleo Municipal de Proteção e Defesa do Consumidor de Londrina) lacrou duas unidades da startup Cash Auto em Londrina, na manhã desta quinta-feira (28), depois de contabiliz­ar quase 90 pessoas que tiveram os veículos vendidos pela empresa, mas não receberam os valores. Há casos de espera pelo dinheiro desde novembro. A empresa também está proibida de fazer novas transações no município, sob pena de multa de R$ 10 mil por novo contrato.

A suspensão das atividades perdura até que os clientes sejam ressarcido­s. As medidas, segundo o coordenado­r do Procon-LD, Gustavo Richa, têm o objetivo de garantir que os clientes recebam o que lhes cabe e evitar que mais pessoas sejam lesadas. O núcleo de proteção ao consumidor entrou em ação após ser provocado pela Promotoria de Defesa do Consumidor, na segunda-feira (25), e de receber reclamaçõe­s diretas na quarta (27).

Ainda de acordo com Richa, o MP (Ministério Público) apresentou processo com 19 reclamaçõe­s e outras nove entraram na quarta, quando consumidor­es procuraram o Procon para uma ação coletiva contra a startup. “Depois, confirmamo­s que há outros 30 boletins de ocorrência registrado­s contra a empresa e mais 29 ações contra ela correndo na Justiça. Então, diante dessa gama de reclamaçõe­s, resolvemos fechar os estabeleci­mentos para que não haja novos lesados”, diz.

O advogado Thiago Sitta, que atua em favor de clientes que não foram pagos pela startup, considera a ação do Procon “acertada e justa”, porque a empresa seguiu estimuland­o consumidor­es a realizar negócios com a promessa de pagamento à vista, mesmo com outros sem receber desde o fim de 2018. “Isso demonstra o total descaso com os consumidor­es e clientes e o interesse meramente

A empresa também está proibida de fazer novas transações no município, sob pena de multa de R$ 10 mil por novo contrato

em obtenção de lucro, em prejuízo dos consumidor­es”, diz Sitta,

O site da startup, criada com a promessa de vender o veículo do cliente em 50 minutos e que contaria com 800 lojas de automóveis cadastrada­s, indica a realização de 13.182 negócios, dos quais 417 “só neste mês” e 51 “só hoje”. Também pelo site, a startup informa que tem unidades em Curitiba (PR), Maringá (PR) e Itajaí (SC). “Mas nossa área de atuação é apenas municipal”, alerta Richa. O promotor da justiça de Defesa dos Direitos do Consumidor, Miguel Jorge Sogayar, acompanha o caso e pediu inquérito policial sobre o tema.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da empresa, que não se manifestou até o fechamento da edição. Em no- ta enviada na quarta-feira à redação, a Cash Auto informou que “reafirma o seu compromiss­o de pagar todos os seus débitos junto aos clientes”. “Estamos firmes no propósito de sanar todas as pendências. Para isso temos conversado diariament­e com os clientes, assumindo o compromiss­o documentad­o. Em nenhum momento nos furtamos de atender caso a caso”, informa o texto.

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Gustavo Carneiro Suspensão das atividades da Cash Auto perdura até que os clientes sejam ressarcido­s

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