CLÁUDIO HUMBERTO
Presidente do STJ acha que prisão de Lula na PF pode caracterizar tratamento privilegiado
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou do velório do neto Arthur Araújo Lula da Silva, de 7 anos, sábado (2), em São Bernardo do Campo (SP), após autorização da Justiça Federal no Paraná. Escoltado por policiais federais, Lula - que cumpre prisão em Curitiba pela condenação na Lava Jato - permaneceu no local por cerca de duas horas. Segundo relatos, ele chorou muito, recebeu cumprimentos e prometeu ao neto que provaria sua inocência.
“O Arthur foi um menino que sofreu muito bullying na escola, porque era neto do Lula. Por isso, eu tenho um compromisso com você, Arthur, eu vou provar a minha inocência e quando eu for para o céu, eu vou levando o meu diploma de inocente”, afirmou, segundo disseram pessoas presentes no velório.
“Vou provar quem é ladrão neste País e quem não é. Quem me condenou não pode olhar nos olhos dos netos como eu olhava para você”, complementou Lula, ainda de acordo com relatos.
Da cerimônia participaram dois pastores metodistas e um padre católico. Lula consolou o filho Sandro Luis Lula da Silva e a nora Marlene Araújo. No período em que permaneceu no cemitério ainda recebeu, por cerca de meia hora, cumprimentos de mais de cem pessoas e o telefonema do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. O celular foi passado pelo ex-secretário da Presidência Gilberto Carvalho.
Ao deixar o local, Lula subiu no carro da Polícia Federal e acenou a centenas de pessoas que lotavam a entrada do cemitério. Na hora que ele desceu, o delegado da PF disse: “O senhor sabe que não devia ter feito isso.” E Lula respondeu: “O senhor sabe que eu devia.” Sem poder conversar com o ex-presidente ou chegar perto dele, apoiadores rezaram um PaiNosso em homenagearam o neto de Lula com gritos de “Arthur presente agora e para sempre” Também cantaram “Olê, olê, olê, olá, Lula, Lula” e gritaram “Polícia Federal, vergonha nacional”.
HOMENAGENS
Parentes, amigos e aliados de Lula prestaram solidariedade à família. Entre eles a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, a ex-presidente Dilma Rousseff e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad.
Entre as dezenas de coroas de flores enviadas à família de Lula, havia uma em nome do presidente venezuelano Nicolás Maduro. O presidente da Bolívia, Evo Morales, prestou condolências ao expresidente. “Muito triste com a notícia do falecimento do pequeno neto do irmão @LulaOficial, Arthur Araújo Lula da Silva. Em nome do povo boliviano envio nossas mais sinceras condolências”, escreveu Morales em sua conta oficial no Twitter.
REPERCUSSÃO
É a primeira vez que Lula visita seu reduto político depois que foi preso, em abril do ano passado. Ele deixou a superintendência da PF apenas duas vezes, para prestar depoimentos no prédio da Justiça Federal do Paraná.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente da República, comentou em tom crítico na sexta-feira (1) a autorização dada ao petista. “Lula é preso comum e deveria estar num presídio comum. Quando o parente de outro preso morrer ele também será escoltado pela PF para o enterro? Absurdo até se cogitar isso, só deixa o larápio em voga posando de coitado”, escreveu no Twitter.
No sábado, disse: “Perguntado se Lula deveria sair da cadeia respondi que não -até por uma questão de isonomia com os demais presos. Agora, sobre a morte da criança é óbvio que é um fato lamentável e indesejável. Isso independe de ideologia. Não misturem as coisas.”