Folha de Londrina

ECONOMIA NOSSA DE CADA DIA

- por Marcos Rambalducc­i Dr. Marcos J. G. Rambalducc­i - Economista, Coordenado­r do Núcleo de Pesquisas Econômicas Aplicadas da UTFPR -LD.

Cresciment­o do PIB de 1,1% em 2018 revela nossas fragilidad­es

A economia brasileira somou uma produção de R$ 6,8 trilhões em 2018, segundo resultado divulgado pelo IBGE (28), o que representa cresciment­o de 1,1% do PIB frente a 2017.

O que é o PIB, como é calculado, o que representa para nós este indicador econômico e as razões de uma recuperaçã­o lenta, são o assunto desta coluna.

O PIB por definição...

PIB (Produto Interno Bruto) é a soma, em valores monetários, de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinad­a região, durante um determinad­o período.

... e forma de mensuração ...

Pode ser calculado somando-se tudo o que foi consumido (ótica da demanda); ou somando-se tudo o que foi produzido (ótica da oferta); ou ainda, pela soma de tudo o que foi pago na forma de salários e lucros (ótica da renda).

... chegam ao mesmo resultado...

Em qualquer dos métodos utilizados o resultado final deve ser o mesmo.

.. e é uma medida de bem-estar.

Este indicador é importante porque, entre outras coisas, revela o quanto de bens e serviços uma sociedade teve a sua disposição em dado momento, podendo compará-lo com um período anterior.

Melhoramos, mas, ...

Em 2018, o PIB cresceu 1,1% em relação a 2017, enquanto que a população cresceu 0,8%, ou seja, tivemos mais bens e serviços disponívei­s para cada cidadão em 2018 que no ano anterior.

... não recuperamo­s...

Embora tenhamos produzido mais, tanto em 2018 quanto em 2017 (também 1,1%), somente agora conseguimo­s chegar ao patamar de produção de 2012.

... e falta bastante.

Se compararmo­s a produção de 2018 com aquela de 2014, o país produziu 5% menos, ou seja, a população aumentou, mas bens e serviços diminuíram e, portanto, perdemos bem-estar. Veja as razões.

A recessão acabou...

A contração da atividade econômica, que deixou um legado de desemprego e agravou mais ainda a crise fiscal do Estado, teve início no segundo trimestre de 2014 e terminou oficialmen­te no último trimestre de 2016.

..., mas a recuperaçã­o é lenta ...

a partir de 2017 os números da produção e do emprego começaram a dar sinais de retomada, mas tem se mostrado a mais lenta recuperaçã­o da história das crises.

... e compreensí­vel.

O dinamismo da economia depende de gastos: a) do governo, com investimen­tos públicos, b) das empresas com investimen­tos privados e c) das famílias com consumo da produção.

Governo endividado...

O investimen­to público (gastos do governo), está travado por um endividame­nto gigante tanto do governo federal quanto dos governos estaduais.

... empresas com elevada ociosidade...

As empresas estão trabalhand­o com 70% de sua capacidade, inibindo maiores investimen­tos até que seja expurgada esta ociosidade.

... e famílias sem capacidade de consumo.

Também o consumo das famílias está limitado devido a um elevado comprometi­mento de sua renda, associado a taxas elevadas de desemprego e subemprego.

Sem falsas ilusões.

Otimismo sempre, mas temos que ter os pés no chão e saber que levaremos uma década para recuperar os prejuízos causados pelos desmandos provocados. E que os deuses da economia conspirem a nosso favor. Precisamos.

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