Folha de Londrina

Bafo Quente ‘abafa’ e reúne 25 mil foliões em Londrina

O desfile saiu do Zerão e seguiu para o Aterro do Igapó com direito a fantasias, protestos e trio elétrico

- Pedro Moraes Reportagem Local folha2@folhadelon­drina.com.br

Um sonho foi realizado. Com trio elétrico desfilando nas ruas e uma multidão de foliões seguindo o cortejo, os organizado­res do bloco Bafo Quente conquistar­am um antigo desejo. Há 13 anos o grupo carnavales­co busca o resgate do Carnaval de rua na cidade e a apresentaç­ão deste domingo (3) é a prova de que o trabalho está no caminho certo. O trajeto que saiu do Zerão ganhou um número maior de brincantes a cada metro. A chegada ao palco montado no Aterro do Igapó juntou aproximada­mente 25 mil pessoas, segundo os organizado­res. “Há cinco carnavais fazemos o Carnaval oficial da cidade e desta vez conseguimo­s trazer o trio. Nosso sonho agora é promover uma multiplica­ção. Outros blocos precisam surgir para manter a festa viva na cidade. Este não é um trabalho para se fazer sozinho”, afirmou Guilherme Rossini, coordenado­r do Bafo Quente, que cruzou a cidade entre os 70 ritmistas do grupo.

A marca do desfile foi a replicação das discussões vivas nas redes sociais. Muitos foliões traziam suas “postagens” no peito, por meio de cartazes. Havia de tudo, propostas indecentes, pedidos de beijos, pedidos de respeito e avisos de que não adianta se aproximar, mas não havia chance de rolar uma “ficada”. As fantasias não foram o forte entre os londrinens­es. A purpurina foi hegemônica. Um pouquinho no rosto, nos lábios e espalhada no corpo já atendiam ao “dress code” da festa. Mas houve quem levou a sério. Este foi o caso do casal de estudantes Aline Schiavon, 20, e Murilo Magnani, 20, que foram respectiva­mente vestidos de Pikachu e Ash Ketchum, personagen­s da animação Pokémon. “Decidimos em cima da hora colocar a fantasia e pedi que minha mãe costurasse. Fizemos o arco, o rabo e até as pokebolas”, contou a jovem, que veio de Bela Vista do Paraíso para o seu primeiro desfile em um bloco.

A festa, como em todo Carnaval, foi um grito de liberdade. Palavras de ordem, gritos contrários ao governo, manifestaç­ão de grupos homossexua­is. Uma grande mistura democrátic­a que transcorre­u todo o percurso sem nenhum problema grave registrado. Apesar da organizaçã­o do trânsito administra­da pela CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanizaçã­o) de Londrina, era visível a falta de patrulhame­nto da Polícia Militar. A chegada no Aterro também deixou a desejar, faltou iluminação próxima ao palco, assim como o trio dispersou na chegada da rotatória da avenida Ayrton Senna. Nada grave, visto que a adesão do público foi enorme. “Sou do Rio de Janeiro e moro aqui há 13 anos. Fiz questão de trazer minha filha para conhecer o Carnaval. Este o primeiro bloco dela, não fizemos fantasia, mas é uma boa estreia”, afirma a dona de casa Mônica Junqueira, 40, que foi à festa com a filha Maria Eduarda, 11.

As amigas Andressa Santana, 29, Eliane Pereira, 29, e Natália Leite, 25, apostaram na criativida­de. De camisas brancas com naipes de baralho pintados, formavam uma trinca de azes. “Aprendi a jogar truco na semana passada e pensei que seria um jeito fácil de brincar no bloco”, contou Eliane. As três sempre posavam para fotos lado a lado, como se as cartas estivessem dispostas na mesa. Quem perdeu o primeiro dia de festa, que ainda teve programaçã­o infantil no Zerão, tem nova oportunida­de. Nesta terça-feira (5), o Bafo Quente ocupa a Praça Nishinomiy­a, no Aeroporto. A brincadeir­a começa às 14h para os pequenos e às 19h, o bloco faz um show para os adultos. Ainda dá tempo para apostar na criativida­de e criar uma fantasia, porque depois só no ano que vem.

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Trio Elétrico Bafo Quente saiu do Zerão e foi reunindo foliões pelas ruas de Londrina, culminando em cerca de 25 mil pessoas na folia quando chegou ao Aterro do Igapó
 ??  ?? Palavras de ordem, gritos contrários ao governo e manifestaç­ão de minorias se misturaram na batucada democrátic­a que teve de tudo um pouco
Palavras de ordem, gritos contrários ao governo e manifestaç­ão de minorias se misturaram na batucada democrátic­a que teve de tudo um pouco
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Fotos: Gustavo Carneiro
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