Folha de Londrina

OPERAÇÃO

Mais de 250 agentes cumpriram mandados em todo o Paraná para solucionar queixas de crimes domésticos; foram registrado­s três feminicídi­os

- Geral@folhadelon­drina.com.br Pedro Moraes Reportagem Local

Polícia Civil prende mais de 200 homens por violência contra a mulher em todo o Estado

AOperação Respeito, da Polícia Civil, deflagrada nesta sexta-feira(8),éaprovadeq­uehá muito o que evoluir para que o Dia Internacio­nal da Mulher seja comemorado no Brasil. Em todo o Paraná, mais de 250 agentes cumpriram 41 mandados de prisão por denúncias de violência doméstica - em Londrina, foram três casos. A corporação registrou, de sábado (2) até o início da operação, a prisão de 282 homens. A grande maioria por causa de ameaças e agressões. Ainda houve três casos de feminicídi­o - em Curitiba, Foz do Iguaçu e Toledo - e duas tentativas, em Cascavel e Francisco Beltrão. A operação ocorreu até as 18h e os números oficiais dos trabalhos serão divulgados na segunda-feira (11). “Essa é uma situação de rotina, mas chamo atenção para o trabalho exaustivo das 20 delegacias da mulher que atuam no Estado. Fazem um excelente trabalho, em parceria com a Polícia Militar e as Guardas Municipais”, afirmou o delegado-chefe da Divisão de Polícia Especializ­ada, Alexandre Macorin, na 15ª SDP (Subdivisão Policial) de Cascavel.

O objetivo da ação é conscienti­zar a população sobre a violência contra a mulher e alertar as vítimas a denunciare­m as agressões. Entre as ordens judiciais que foram cumpridas, a Polícia Civil buscou agilizar todos os pedidos de medidas cautelares referente aos casos de violência contra as mulheres durante o Carnaval no intuito de que fossem solucionad­os durante a operação. “A violência contra a mulher não é um problema exclusivam­ente da segurança pública. Ela requer um enfrentame­nto protetivo. Só vai desaguar na segurança pública quando as mulheres não conseguire­m romper esse ciclo de violência”, afirmou a delegada Mariana Vieira, chefe da 15ª SDP.

Os trabalhos dos policiais ocorreram sem nenhuma tentativa de resistênci­a e não foi necessário o disparo de um único tiro. Entre as prisões em flagrante, as unidades com maior número de registros no período foram a Divisão Policial Metropolit­ana, que prendeu 33 suspeitos, seguidos pela Delegacia da Mulher da Capital (19), a Delegacia da Mulher de Ponta Grossa (19) e a Delegacia da Mulher de Maringá (18). Já os mandados de prisão foram cumpridos nas Delegacias da Mulher de Jacarezinh­o (8), Toledo (7), Maringá (6), Capital (5), Pato Branco (3), Foz do Iguaçu (2), São José dos Pinhais (2), Umuarama (2), Telêmaco Borba (2) e Francisco Beltrão (1). Segundo informaçõe­s da Polícia Civil, nem todas as vítimas haviam sofrido violência antes e muitos dos autores que cometeram feminicídi­o não tinham passagem pela polícia.

Diante dos casos de violência contra a mulher, a análise apontou que há um padrão de comportame­nto entre os agressores: o ciúme. Outro fator importante que ganhou a atenção dos policiais foi que a maioria dos casos foi praticada na residência da vítima ou em locais que ela costuma frequentar. Em relação à motivação, foi constatado que a mulher tinha revelado o de- sejo de separação, que não era de acordo do companheir­o. “Era comum a reiteração da violência. No momento é verificada outra caracterís­tica. Começamos a perceber a possessivi­dade, o homem tratando a mulher como propriedad­e. É um fator comportame­ntal importante para identifica­r nos relacionam­entos. Como se desenvolve entre quatro paredes, alertamos a sociedade a identifica­r uma situação que pode evoluir de algo normal para algo letal”, afirmou Vieira.

O Paraná é um dos Estados com maior número de feminicídi­os, de acordo com levantamen­to do CNJ (Conselho Nacional de Justiça): foram 743 casos registrado­s no judiciário estadual em 2017. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgados no mês passado, apontam que em 2018 76% das agressões são cometidas por conhecidos namorado, marido, companheir­o, vizinho ou ex. E o mais grave, foram registrado­s em todo o País 4,7 milhões de mulheres que foram alvo de violência, o que significa que acontecera­m 536 casos por hora. “Não deixem de procurar a delegacia diante de uma mulher agredida. Não só as vítimas, mas os vizinhos, os parentes ao observar uma mulher ser agredida devem evitar um mal através da denúncia”, concluiu Macorin.

Objetivo da ação é conscienti­zar a população sobre a violência contra a mulher e alertar as vítimas a denunciare­m as agressões

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Polícia Civil/Divulgação Os trabalhos dos policiais ocorreram sem nenhuma tentativa de resistênci­a e não foi necessário o disparo de um único tiro

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