Morte por irresponsabilidade no trânsito
Amorte da dona de casa Vanessa do Prado Alves Machado, 33 anos, após ser atropelada no último domingo (3), em Arapongas, abre uma discussão sobre a direção irresponsável, que continua fazendo vítimas nas cidades brasileiras. Considerados a segunda maior causa de mortes no trânsito, em cidades de médio porte como Campinas (SP), os atropelamentos mostram a vulnerabilidade sobretudo de pedestres, mas também de ciclistas e motociclistas que representam a parte mais frágil nas colisões com vítimas fatais.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) o Brasil ocupa o quinto lugar em número de acidentes de trânsito, ficando atrás apenas de países como a Índia, China, EUA e Rússia, alguns reconhecidamente tidos como locais de movimento caótico.
O levantamento da OMS ainda mostra que as chances de um pedestre morrer sendo atingido por um carro a 50 km/h é de 20%, já com o veículo a 80km/h, as chances de morte chegam a 60%.
No caso do atropelamento de Vanessa, testemunhas calculam que o carro que a atropelou - uma Saveiro branca - devia estar numa velocidade entre 60 a 80 km/hora, considerada absolutamente incompatível com a via em que circulava.
O corpo de Vanessa foi enterrado na sexta-feira (8), no cemitério de Lerrovile - distrito de Londrina, onde mora boa parte da família - ela deixou três filhos, o que redimensiona a tragédia que certamente afetou a vida de outras pessoas, além da dela, que foi ceifada abruptamente. Quem responderá por isso e pela falta que Vanessa fará?
O condutor do veículo não prestou socorro à vítima e ainda não foi identificado. Daniel Machado - namorado de Vanessa, que estava com ela no momento do atropelamento - ao prestar depoimento à polícia afirmou que o motorista avançou contra os pedestres. Sabe-se também que ele trafegava na contramão. Temos assim um caso de absoluta irresponsabilidade por parte do condutor do veículo. Um tipo de atitude incongruente e imatura que não é única nas cidades brasileiras, ao contrário, é recorrente.
Aqui mesmo em Londrina são comuns os carros que trafegam, especialmente de madrugada, em alta velocidade, transformando-se nas mãos de motoristas irresponsáveis em “brinquedos” que podem matar. Mas as vias públicas não são cenários de filmes, nos quais condutores malucos de veículos superpotentes “aprontam todas”, dentro de uma cultura que enaltece carros e velocidade numa perspectiva de poder momentâneo e altamente destrutivo.
É sabido que nas ruas do centro de Londrina - especialmente na Av. JK de madrugada e nas suas vias expressas - pessoas sem nenhum compromisso com a vida disputam “rachas” que são um exemplo da conexão de violência entre os motoristas e seus carros. Autoridades certamente não desconhecem o fato, mas também não tomam providências.
O triste saldo deste tipo de direção irresponsável são as mortes prematuras, como o de Vanessa, que deixa três filhos e toda a vida que teria pela frente, por causa de um momento de “prazer” de um aventureiro que contrariou todas as regras da civilidade no trânsito, dirigindo um carro como uma arma que ele apontou para tirar a vida de uma pedestre, fugindo em seguida.
O caso só pode mesmo ser tipificado como um crime cada vez mais comum nas cidades brasileiras, onde os automóveis quase sempre têm prioridade sobre a vida, num desrespeito flagrante.