Mulheres ganham 20% menos do que os homens
Diferença salarial é maior na faixa etária entre 40 e 49 anos
Além de terem mais dificuldade de conseguir emprego, as mulheres ainda recebem salários mais baixos do que os homens no mercado de trabalho. Em 2018, o rendimento médio das mulheres ocupadas com idade entre 25 e 49 anos foi o equivalente a 79,5% da remuneração dos homens.
Os dados são do Estudo Especial sobre Diferenças no Rendimento do Trabalho de Mulheres e Homens nos Grupos Ocupacionais com base nas informações levantadas pela Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), apurada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A pesquisa mostra que a desigualdade salarial entre homens e mulheres ocorre em todos os níveis de escolaridade. “Ainda que a mulher tenha escolaridade maior e transitado em carreiras de melhores remunerações, isso não garante melhores salários”, disse Adriana Beringuy, analista da coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.
Os dados também apontam diferenças salariais conforme a faixa etária. Em 2018, a mulher ocupada de 25 a 29 anos de idade recebia 86,9% do rendimento médio do homem; a de 30 a 39 anos chegava a 81,6% e a de 40 a 49 anos baixava para 74,9%.
Segundo Beringuy, esta diferenciação tem dois fatores. O primeiro, considerado positivo, é que as mulheres mais jovens estão entrando no mercado de trabalho mais escolarizadas do que as mulheres na faixa dos 40 a 49 anos, na época em que ingressaram.
O segundo fator é negativo e está ligado com o papel de genitora e cuidadora que a mulher tem na sociedade. “Ela tradicionalmente tem mais registros de afastamento do mercado. A presença dela é mais intermitente, em função da gravidez, da maternidade, do cuidado dos filhos e parentes mais velhos. A medida que ela se afasta do mercado, quando retorna acabam se inserindo em ocupações que pagam menos ou no mercado não formalizado”, contextualizou a analista.
“É um ciclo que ela carrega ao longo da trajetória laboral e que é importante se analisar para quando se pensa em políticas públicas de creches e ensino integral”, afirmou Beringuy.
A socióloga Silvana Mariano, professora do curso de Ciência Sociais da UEL (Universidade Estadual de Londrina), reforça a necessidade de serviços públicos que atendam as necessidades da mulher trabalhadora. “As ausências ou carências de serviços públicos faz com que elas dediquem menos horas ao trabalho pago e, ao pensarmos em promoção da igualdade, precisamos de serviços públicos para que elas possam dedicar mais horas ao trabalho pago”, disse a professora.
Em 2018, o valor médio da hora trabalhada foi de R$ 13 para as mulheres, enquanto a hora trabalhada por um homem valia R$ 14,2. As mulheres trabalhavam, em média, 4,8 horas semanais a menos do que os homens, mas o levantamento não leva em consideração o tempo a mais dedicado a afazeres domésticos e cuidados de pessoas.
PARTICIPAÇÃO
A participação feminina no mercado de trabalho não mudou significativamente desde 2012, quando a pesquisa teve início, o que mostra o predomínio da participação masculina no contingente de trabalhadores ocupados, afirmou o IBGE.
De um total de 93 milhões de ocupados, apenas 43,8% (40,8 milhões) são mulheres, enquanto 56,2% (52,1 milhões) são homens. Na população acima de 14 anos, por exemplo, a proporção é bem diferente: 89,4 milhões (52,4%) são mulheres, enquanto 81,1 milhões (47,6%) são homens.
Entre 2012 e 2018, houve uma leve queda na desigualdade salarial. A diferença era de 76,6¨% em 2012 e passou para 79,5% no ano passado. De acordo com a socióloga, isso não significa conquista para as mulheres e sim, resultado da piora da situação do homem no mercado de trabalho.
Para a vice-presidente da ABRH Paraná (Associação Brasileiro de Recursos Humanos), Andrea Barcellos Gauté, diretora da Soluções em RH Gauté, que as empresas estão tomando consciência da importância de valorizar a competência e não o gênero. “Encontramos empresas com mente mais aberta que estão valorizando a mulher. Vemos mulheres sendo contratadas e promovidas grávidas”, afirmou Gauté. Mas ela ressalta que o cenário está longe do ideal.
A pesquisa mostra que a desigualdade salarial entre homens e mulheres ocorre em todos os níveis de escolaridade