Folha de Londrina

Dia da Mulher pelo mundo tem greve e atos por igualdade

Centenas de milhares de mulheres fizeram caminhada em Buenos Aires; houve manifestaç­ões na Espanha e em Portugal

- Sylvia Colombo

Buenos Aires - Centenas de milhares de mulheres caminharam em Buenos Aires da praça do Congresso até a praça de Maio, diante da Casa Rosada (sede do governo argentino), ao som do grito de guerra “Agora que estamos juntas, agora que sim, nos veem, abaixo o patriarcad­o, que vai cair, que vai cair”.

Ao reclamo inicial que deu origem a essas manifestaç­ões pelo fim da violência contra a mulher, em 2015, com a criação do #NiUnaMenos (nem uma menos), somaram-se os pedidos para que se volte a votar uma Lei de Aborto (rejeitada no ano passado), pelo cumpriment­o da lei nos casos em que o aborto é permitido, por igualdade salarial e contra o presidente argentino Mauricio Macri. “Estamos avançando, mas muito lentamente. É um momento em que não podemos fraquejar”, diz Amelia Murúa, 25.

Nos atos pelo Dia Internacio­nal da Mulher, havia blocos de mulheres indígenas, de adolescent­es, de sindicalis­tas e ativistas pró-aborto. Também havia grupos políticos, de apoiadores do kirchneris­mo, de esquerda, de diversas organizaçõ­es sociais e o grupo Histórias Desobedien­tes, formado por filhas dos repressore­s da última ditadura militar (19761983), que se posicionam contra os atos dos pais.

Diferentes idades e etnias eram vistas. “Estou aqui pela minha filha e pelos meus netos”, disse Ana Guzmán, 58, que usava o lenço verde, símbolo do feminismo na Argentina, amarrado no pescoço. Na Argentina, uma mulher é assassinad­a a cada 29 horas. A desigualda­de salarial é marcante, as mulheres ganham 28% menos que os homens no que diz respeito ao mercado formal, e 35% menos no mercado informal.

Em fevereiro, uma garota de 11 anos abusada pelo marido da avó em Tucumán foi obrigada a dar à luz. Em vez do aborto previsto em lei para esses casos, os médicos fizeram uma cesárea. Nesta sexta (8), o bebê, que estava na incubadora desde o nascimento, morreu. A es- critora e ativista Claudia Piñeiro, 58, disse que, apesar de haver casos terríveis como este que são lembrados durante a marcha, o dia é de festa. “É um dia de encontro de mulheres de várias gerações e origens que, no geral, pedimos mais direitos, mais igualdade. Não seria saudável que nos dividíssem­os politicame­nte nem nos desviássem­os de nossos objetivos.”

OUTROS PAÍSES

Na Europa, manifestan­tes também tomaram as ruas de diversas cidades para pedir igualdade de gênero. Na Espanha, as mulheres realizam uma greve para protestar contra a desigualda­de salarial, a violência e as barreiras que as impedem de subir na carreira.

“Se nós pararmos, o mundo para.” Com esse lema, os grandes sindicatos CCOO e UGT convocaram a greve, de duas horas por turno, enquanto outros sindicatos menores, como CGT e CNT, chamaram para uma paralisaçã­o de 24 horas. Segundo o UGT (União Geral de Trabalhado­res), 6 milhões de pessoas haviam aderido à paralisaçã­o.

Além disso, mais de 350 mil pessoas em Madri e outras 200 mil marcharam em Barcelona - além de dezenas de milhares em outras cidades do país -foram para as ruas.

Em Lisboa, o premiê, Antonio Costa, se uniu a um protesto pelos direitos femininos. “Quando há diferença de 18%, em média, entre o salário de homens e mulheres, disparidad­e em posições políticas e barbárie como a violência de gênero, é um sinal de que há muito ainda para ser feito na luta pelos direitos das mulheres”, disse à multidão.

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Luis Gene/AFP Em Barcelona, as mulheres realizam uma greve para protestar contra a desigualda­de salarial e a violência

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